quinta-feira, 24 de junho de 2021

Sobre relações tecnológicas

A tecnologia se relaciona com conceitos e áreas de conhecimento tais como: ética, história, técnica, ideologia, política, capitalismo, antropologia, poder, ciência, etc.

Esses elementos podem ser definidos por: E = f(e), por exemplo:

Ética é “a investigação dos princípios que orientam o comportamento humano, refletindo a respeito da essência das normas, valores, etc.”[i].

História é “a ciência que estuda o ser humano e sua ação no tempo e no espaço concomitantemente à análise de processos e eventos ocorridos no passado”.[ii]

Técnica é “arte ou maneira de realizar uma ação ou conjunto de ações.”[iii]

Essas são definições gerais e podem variar bastante, mas, por agora, bastam para uma amostragem do que procuramos. Esses elementos podem ser definidos em tipos[iv], por exemplo: epistemológicos (técnica, ciência), ontológicos (história, antropologia) e axiológicos (ética, ideologia, política, capitalismo, poder).

Isso posto, e dado que Tecnologia é T, se existe um E | E = f(e) e E é do tipo t, então T(e) variando em função de t T. Vejamos:

Para E = ética, conforme f(e) acima & t = “axiologia”, temos uma T1(ética) que pode ser “o homem deve subjugar a natureza em benefício próprio”.[v] Ou seja, essa proposição ou função tecnológica pertence à tecnologia, mas qual o seu valor de verdade?

Vejamos outro exemplo: para E = história, conforme f(e) acima & t = “ontologia”, temos uma T1(história) que pode ser “É o processo histórico de produção que mostra a relação do homem com a natureza.”.[vi] Ou seja, essa é outra proposição ou função tecnológica pertence à tecnologia, mas qual a sua comparação com relação à proposição anterior?

Ora, podem T1(ética) e T1(história) compartilharem sem atrito o mesmo conjunto T? “O homem deve subjugar a natureza em benefício próprio” e “É o processo histórico de produção que mostra a relação do homem com a natureza.” não parecem ter propriedades semelhantes, pois T1(ética) não é válida em todo T1(história), a saber: a visão de subjugar a natureza data do fim do renascimento europeu. É aqui que nos aproximamos de dois caminhos: o primeiro é uma atitude blasé, id est, bungeana pois “Cupani salienta que Bunge se pauta pela clareza cartesiana e alinhamento à tradição iluminista, isto é, é um otimista, porém, se vê os excessos da tecnologia ele não foca neles”[vii]. Ou seja, desfiliada na medida que poderia talvez aceitar ambas desinteressadamente.

Já o segundo caminho é fazer uma separação em subconjuntos de T, quais sejam[viii]: “teorias instrumentais veem a tecnologia como um meio ao serviço dos propósitos humanos; teorias substancialistas acreditam que a tecnologia seja autônoma; teorias pluralistas insistem na multiplicidade de fatores aos quais responde a tecnologia.” T seria igual a Ti (teorias instrumentais) ou Ts (teorias substancialistas) ou Tp (teorias pluralistas). Ou teorias deterministas: Td e procurar por uma filiação.

Então, T1(ética) poderia, sem contradição, pertencer a uma T cujo domínio é Ti e T1(história) pertencer a uma T cujo domínio é Ts e aí se trabalha em um debate enviesado, de posições claras. De todo modo, vale sempre considerar um enunciado tecnológico em relação a alguns dos critérios apresentados aqui, sejam eles conceitos ou áreas de conhecimento, nos mais variados tipos e filiados a um subconjunto específico ou, digamos, com uma visão mais holística.

Um comentário:

  1. O critério de validade foi rompido entre tipos diferentes o que não é o melhor caminho para começarmos. Deveria ser dentro do mesmo tipo.

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