A
tecnologia se relaciona com conceitos e áreas de conhecimento tais como: ética,
história, técnica, ideologia, política, capitalismo, antropologia, poder,
ciência, etc.
Esses
elementos podem ser definidos por: E = f(e), por exemplo:
Ética
é “a investigação dos princípios que orientam o comportamento humano,
refletindo a respeito da essência das normas, valores, etc.”[i].
História é
“a ciência que estuda o ser humano e sua ação no tempo e no espaço
concomitantemente à análise de processos e eventos ocorridos no passado”.[ii]
Técnica
é “arte ou maneira de realizar uma ação ou conjunto de ações.”[iii]
Essas
são definições gerais e podem variar bastante, mas, por agora, bastam para uma amostragem
do que procuramos. Esses elementos podem ser definidos em tipos[iv],
por exemplo: epistemológicos (técnica, ciência), ontológicos (história,
antropologia) e axiológicos (ética, ideologia, política, capitalismo, poder).
Isso
posto, e dado que Tecnologia é T, se existe um E | E = f(e) e E é do tipo t,
então T(e) variando em função de t ∈
T.
Vejamos:
Para
E = ética, conforme f(e) acima & t = “axiologia”, temos uma T1(ética)
que pode ser “o homem deve subjugar a natureza em benefício próprio”.[v]
Ou seja, essa proposição ou função tecnológica pertence à tecnologia, mas qual
o seu valor de verdade?
Vejamos
outro exemplo: para E = história, conforme f(e) acima & t = “ontologia”, temos
uma T1(história) que pode ser “É o processo histórico de produção que mostra a
relação do homem com a natureza.”.[vi]
Ou seja, essa é outra proposição ou função tecnológica pertence à tecnologia,
mas qual a sua comparação com relação à proposição anterior?
Ora,
podem T1(ética) e T1(história) compartilharem sem atrito o mesmo conjunto T? “O
homem deve subjugar a natureza em benefício próprio” e “É o processo histórico
de produção que mostra a relação do homem com a natureza.” não parecem ter
propriedades semelhantes, pois T1(ética) não é válida em todo T1(história), a
saber: a visão de subjugar a natureza data do fim do renascimento europeu. É aqui
que nos aproximamos de dois caminhos: o primeiro é uma atitude blasé, id
est, bungeana pois “Cupani salienta que Bunge se pauta pela clareza cartesiana
e alinhamento à tradição iluminista, isto é, é um otimista, porém, se vê os
excessos da tecnologia ele não foca neles”[vii].
Ou seja, desfiliada na medida que poderia talvez aceitar ambas desinteressadamente.
Já
o segundo caminho é fazer uma separação em subconjuntos de T, quais sejam[viii]:
“teorias instrumentais veem a tecnologia como um meio ao serviço dos propósitos
humanos; teorias substancialistas acreditam que a tecnologia seja autônoma;
teorias pluralistas insistem na multiplicidade de fatores aos quais responde a
tecnologia.” T seria igual a Ti (teorias instrumentais) ou Ts (teorias
substancialistas) ou Tp (teorias pluralistas). Ou teorias deterministas: Td e
procurar por uma filiação.
Então,
T1(ética) poderia, sem contradição, pertencer a uma T cujo domínio é Ti e
T1(história) pertencer a uma T cujo domínio é Ts e aí se trabalha em um debate enviesado, de posições claras.
De todo modo, vale sempre considerar um enunciado tecnológico em relação a
alguns dos critérios apresentados aqui, sejam eles conceitos ou áreas de conhecimento,
nos mais variados tipos e filiados a um subconjunto específico ou, digamos, com
uma visão mais holística.
[i] Conforme Definições de Oxford
Languages.
[ii] Conforme Wikipedia.
[iii] Idem.
[v] Idem.
[vi] Conforme https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2021/04/para-uma-filosofia-da-tecnologia.html.
[vii] Conforme https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2021/04/uma-visao-otimista-da-filosofia-da.html.
[viii] Conforme https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2021/02/filosofia-da-tecnologia-tres-enfoques.html, nota 3.