Mais
do que nunca é preciso fugir, mas não abandonar. Mais do que nunca é precisa
impor limites. Basta! Fuja! Mas não fugir de repente, mas fugir com cuidado,
com o dever cumprido. Isso não há como evitar. A pandemia aliada à tecnologia possibilitou,
para algumas camadas e profissões, a não presença. Se, por um lado, há mais
liberdade em organizar uma rotina doméstica, aliar tarefas caseiras com tarefas
da profissão, não é nenhuma novidade, que, de outro lado, não se sabe
exatamente bem o que os outros fazem do lado de lá. Pipocam atividades, acumulam-se
problemas. Entretanto, a vida comum é assim.
Nessa
barafunda, precisamos de nosso tempo. Pululam transtornos de ansiedade, isso é
notícia corriqueira. O cérebro pensa e muito. Mas ele não precisa estar voltado
para aquele pensar que quer nos aprisionar. Para isso existe o papel em branco,
os livros, a pesquisa, etc. Para que o disco não fique arranhado e repetindo uma
nota só. O cérebro não para e, diante disso, ele precisa de refresco. Criatividade!
Fuja!
Sabemos,
contudo, que fugir está cada vez mais difícil em virtude do quão artificial e instantânea tem sido nossa época. Para onde fugir se há sempre um prédio, uma rua, o
celular emitindo algum som? Como fugir se temos que estar sempre online? Não atender
o telefone ou responder uma mensagem de WhatsApp já desperta dúvida. Talvez, um
caminho possa ser continuar fazendo essas mesmas coisas, respondendo, mas conscientemente.
Não estar preso a essa miríade tecnológica sufocante e instigante, ou seja, tentar
interiorizar possibilidades mais pregressas de vida, ritmos mais lentos. Sentir
o corpo, olhar no espelho, fazer as inadiáveis tarefas mecânicas e repetitivas
que servem para que todos os estímulos possam ser processados. Por isso, é
preciso fugir, fugir do mesmo, do que está na nossa frente.
Se
eu poderia explorar mais esse assunto? Creio que sim, mas por hora eu fujo!
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