Introdução a Chomsky e a Linguagem[i]
McGilvray inicia citando poderes cognitivos
notáveis do ser humano, surgidos entre 50 e 100 mil anos atrás e que seriam
atribuídos à linguagem. São eles: se juntar em comunidades, a ciência,
religião, as definições de tempo e espaço, arte, a capacidade de explicar as
coisas, a política, etc. Pela linguagem podemos especular, planejar, medir,
contar e medir. Enfim, “A linguagem é o meio expressivo – e criativo – primordial”.
De acordo com McGilvray, Chomsky teria
criado sozinho a ciência moderna da linguagem e, para ele, a linguagem é
um sistema de base biológica que evoluiu a partir de um único indivíduo que a transmitiu
geneticamente para toda a sua prole. A sua introdução evolutiva significa que
ela teve uma causa naturalística que nos torna únicos[ii].
Algumas ressalvas que tiramos da introdução,
é que Chomsky, conforme sugere McGilvray, busca uma teoria da natureza humana e
se vale da biolinguística. Ele também discute questões sobre moralidade e
universalidade, ciência e senso comum, política, etc. Além disso, ele tem pouca
simpatia com as filosofias contemporâneas da mente e linguagem. Chomsky é um
racionalista que traz uma metodologia para estudar a mente humana e a linguagem
visando construir uma ciência naturalista desses campos.
Uma primeira observação de Chomsky sobre a
língua é a pobreza de estímulo, isto é, a criança desenvolve a língua
sem um treinamento formal, isso vale para toda a população, em qualquer lugar. Ele
vê a língua com um conteúdo fixo e inato e, pela biolinguística, a mente
composta de várias partes / órgãos, programados pelo genoma.
Um segundo ponto é o aspecto criativo
do uso da linguagem, isto é, que parece não ter antecedentes causais, mas
que permite uma infinidade e complexidade conceitual. Há uma estrutura similar
a um sistema computacional que gera maneiras estruturadas de falar, pensar e
compreender, mas, não obstante, somos livres em nossa maneira de usar a
linguagem.
Por fim, McGilvray ressalta que a ciência da
linguagem fundada por Chomsky é um sistema interna e que polariza com os
empiristas, que trazem uma ciência do comportamento linguístico e de como a
mente se relaciona com o mundo exterior e baseada em regras de uso. De um lado,
externalismo, de outro, inatismo e internalismo. Porém, os racionalistas são empíricos
e visam desenvolver a linguagem como a química e a física, mas com outras
técnicas experimentais.
[i] CHOMSKY, Noam. A ciência da
linguagem: Conversas com James McGilvray. Editora Unesp. Introdução.
[ii] Isso implica que a linguagem não surgiu de maneira gradual e, nem tampouco, mística.