De vez em quando existe uma dificuldade no pano de fundo de todas as coisas e situações; existe um cansaço, uma preguiça, uma falta de aderência à realidade. A realidade sempre nos cobra algo, senão ela nos convida, nos chama para alguma realização. Esse estar-vivendo-sempre-tendo-que-fazer-alguma-coisa cria dificuldades. As situações e exigências são diferentes ante cada cenário que se apresenta. Manter um discurso coerente ou se ater a alguma linha sempre promissora nos põe em dificuldades. É preciso articular um discurso, é preciso criar confiança: confiar e gerar confiança. Talvez, assim, o mundo responda. As dificuldades não se explicam facilmente. Algumas são criadas por nós, voluntariamente. Atribuímos valor a certas coisas, às vezes, muito mais pela criação de uma zona de conforto que prometa vida longa. Mas, nessa zona de conforto, não há crítica. Aí surge um conflito: a dificuldade que aparece na zona de conforto também aparece na ação, na abertura para o novo. Sempre há um novo, embora queiramos transformá-lo ou tratá-lo como velho. O velho está no nosso estoque, é familiar. O velho é companheiro, mas o velho não cansa? Dificuldades... Viver não é fácil. O que é fácil? O que é facilidade? A facilidade é pejorativa ou pode ser boa? Afinal, queremos facilidade ou dificuldades? Queremos dificuldades boas ou ruins. Há altos e baixos e as dificuldades sempre a elas se agregam. No momento em que elas aparecem precisamos ser fortes. Conciliar realidade com dificuldade: se a realidade for muito difícil, temos que facilitar, se a dificuldade for muito real, temos que encarar.
sábado, 23 de maio de 2015
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Ciência do pensamento
terça-feira, 19 de maio de 2015
Breve comentário sobre a religião
É muito comum uma tese dos ateístas de que Deus é um produto do homem. Nós teríamos criado Deus para nossa própria redenção, dando sentido e objetividade à fragilidade de nossa vida. Por outro lado, não explicamos Deus. A própria filosofia já se aventurou por essas terras desconhecidas: Aristóteles inventou a metafísica e Kant a sepultou. Se a metafísica nasceu como filosofia primeira, que trataria das coisas que viriam primeiro (como relação de causa e efeito) ou das coisas mais importantes, para além da física, Kant nos mostrou que ela estaria no nível da coisa em si, coisas que não podem ser acessadas por nós no domínio do conhecimento. Até haveria espaço para especulação, mas não haveria confirmação prática. Todo esforço antigo, medieval e moderno, não iluminou as profundezas do além secular, e Kant atestou: deixemos para a fé. De um lado, conjecturas e crenças, de outro, explicação racional ou vida sem explicação.
Mas, poderíamos nos abster de explicação? Muito difícil. Em nossos mais profundos devaneios nos perguntamos sobre a origem disso tudo. E a tese dos ateístas é uma falácia porque tudo que temos é inventado, toda a ciência e conhecimento humano é inventado, essa argumentação é circular e cai em petição de princípio porque a tese é inventada ela mesma. Não há conhecimento no domínio do homem que não provenha do próprio homem. E, se há algo exterior ao homem, esse algo só pode ser admitido e não explicado. Assim, admitimos que não há explicação racional, somente fé.
domingo, 17 de maio de 2015
Objeto da fenomenologia: a consciência intencional do sujeito constituída de vivências*
sábado, 9 de maio de 2015
Do buraco a filosofia saiu e no buraco ela ficou
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Distanciamento e intimidade com o mundo*
* Resenha – texto “Por que filósofo?” – José Arthur Giannotti
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Aula de Didática*
Interlocutora 1: Professora, mas a escola não tem que formar cidadãos conscientes e participativos? Na verdade, as pessoas não sabem se comportar em sociedade, esse não seria um papel da escola?
Interlocutora 2: Entendo que isso é um problema de vivência de cada um, que nasce com a gente e vamos desenvolvendo durante toda a vida. Isso seria relativo ao âmbito familiar, os pais, primos, toda uma interação que se constrói e que nos molda. Imagine o fardo dos professores, além de ter que ensinar o conteúdo (ou vá lá..., que seja competências e habilidades) e ainda ter que educar os alunos.
Interlocutora 1: Mas as pessoas hoje não tem o mínimo de civilidade. Outro dia, eu estava na fila do bandejão e, de repente, entrou um monte de gente na minha frente, não pediram licença e acharam aquela atitude a coisa mais normal.
Interlocutora 3: Na verdade, cidadãos conscientes e participativos devem pensar além: qual a situação dos funcionários que nos estão servindo no bandejão, faz quanto tempo que não tem aumento. Alguns moram em favela, outros são terceirizados e, ainda, tem muitos funcionários com LER (lesão de esforço repetitivo). Cidadãos conscientes e participativos não pensam somente neles mesmos, pensam além, além das suas próprias fronteiras pessoais e individuais.
Interlocutor 4: Numa outra aula em que eu estava participando, a professora comentou a respeito da nossa atitude atual de sempre responder, nunca intervir. A gente não transforma mais o nosso espaço, só ficamos reclamando e não temos atitude.
Interlocutor 5: O problema não é entrar na fila do bandejão comportadamente, o problema é saber porquê estamos fazendo aquilo. O que se ensina na sala de aula acontece sob uma relação de autoridade entre professor e alunos, não sabemos para que serve aquilo, mas temos que fazer.
Interlocutora 1: Mas o que eu dizia sobre moralização, não quer dizer algo que se fazia na ditadura, é um mínimo que é necessário na vida real. Na escola onde faço estágio, na prática, não se consegue dar aula, teria que haver um mínimo de imposição ou de controle. Isso seria um currículo moral, ficaria escondido no currículo oculto ou deveria ser um artifício a ser acrescentado ao currículo formal?
Eu: só ouvindo...
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* as falas foram resumidas e estilizadas.