KANT
Coisa-em-si: substantivo - desconhecido (causa eficiente).
Relação entre coisas: verbo - desconhecido (causa final).
Fenômeno: adjetivo - qualidade que aparece.
O que está por trás da coisa-em-si kantiana? O limite da razão, do conhecimento. Só posso falar de fenômenos, embora me arrisque às vezes na coisa-em-si, ultrapassando o limite... E Mauthner? Sua intenção é recusar substantivo e verbo no uso da linguagem?
O mundo kantiano de fenômenos é um mundo "sem ação" (sen-S-ação..), porque é um mundo que "aparece", mundo de aparências. Fenômenos que aparecem são formas sem conteúdo, é uma forma sem ação.
Ao abolir substantivo e verbo da linguagem, abolimos a ação e ficamos presos em complexos sensíveis não determinados. Ficamos a mercê de complexos sensíveis em constante mutação.
No momento que uma qualidade sensível aparece como fenômeno, nesse momento temos um adjetivo. Mas o adjetivo é uma coisa extravagante que se deteriora - não permanece. O que podemos fazer com ele? Precisamos investigar.
É a teoria do conhecimento que Mauthner atinge porque o que conhecemos nos chega pelos sentidos. É por essa via que o fenômeno deixa uma impressão em nossa alma. Mas chega subjetivamente porque essa decodificação é de cada um e está em cada um. Muito embora esse conhecimento seja intelectual, tal conhecimento intelectual somente pode ser posto intersubjetivamente por um acordo: porque aceitando as diferenças. Mas defendemos, em outro momento, o conhecimento pelo verbo: conhecimento instintivo e, talvez, o mais importante. Porque na hora da situação adversa um consenso acordado será desrespeitado pela via da necessidade e sobrevivência.
O que se apresenta do caminho trilhado por Mauthner é a evolução de nossa espécie se adaptando às impressões impostas pelo mundo (darwinismo). Porque são os acidentes que se impõem a nós. Nesse sentido que a memória ganha importância, enquanto termômetro de sensações. A psicologia caminha paralelamente com esse contato com o mundo e é quando a evolução se fixa na busca do melhor caminho. Mas, parece que o melhor caminho é aquele irrefletido - sem juízo de valor.
Esse rastro de complexos sensuais e sensoriais cria uma herança humana que se baseia na memória e se expressa pela linguagem. Deslizemos nossa existência nos desviando de fenômenos indevidos.