A gente faz loucuras por futebol. E na final da copa do mundo não poderia ser diferente, senão que fizemos (Lívia e eu) um bate e volta de São Paulo para o Rio de Janeiro. Ida. Saída: 00h:45hs, chegada 6:45hs. Volta. Saída: 21h:50hs, chegada 3:30hs.
Dizem que o brasileiro é um povo hospitaleiro e recebe de braços abertos, mas não foi o que pudemos constatar nessa rápida passagem pela cidade maravilhosa. Com a vitória da Alemanha na final do campeonato mundial, houve muita festa dos brasileiros. Até aí, dentro da desportividade. Mas me envergonhei ao ver as pessoas xingando e hostilizando nossos visitantes. Do alto dos prédios, de dentro dos bares. A ponto de no coração de Copacabana, bairro carioca multicultural, cosmopolita, presenciarmos cenas realmente lamentáveis ao sentarmos na mesa de um bar para bebermos a "saideira". Cariocas se sentindo donos do boteco, hostilizando corajosos argentinos que invadiram o bairro, a cidade, o país em busca do sonho de ver a Argentina campeã novamente. Vimos um homem de perto de 60 anos "puxar" uma garrafa para um grupo de argentinos, um outro senhor (carioca) enrolado em uma bandeira da Alemanha muito descontrolado e agressivo. Ao me queixar com duas moças que também estavam lá, elas disseram que o bar era delas, que frequentavam lá faziam 30 anos, etc. Cariocas se sentindo donos do boteco: não era sonho ou pesadelo, era o boteco Real, esquina das ruas Paula Freitas e Barata Ribeiro.
Mas também havia lá uma senhora, uma dama (também do pedaço), ilustre frequentadora que nos deu um pouco de esperança. Ela, percebendo o devaneio de seus colegas, tentava em vão argumentar. E, certamente, não somente no Rio de Janeiro, como em São Paulo e talvez em outros lugares do país, hostilizamos nossos vizinhos. Além do futebol. Vi raiva, vi ódio e desprezo. Ando preocupado com nosso povo. Não seria melhor que a taça ficasse no nosso continente, valorizando-o? Não deveríamos cuidar dos nossos? Seria o complexo de vira-latas? É o famoso fogo amigo.
Mas, em 2016, o Rio de Janeiro receberá uma Olimpíadas. Quem sabe se com o foco não somente na paixão do futebol, cariocas e brasileiros talvez possam receber bem como dizem por aí. Preparemo-nos!