domingo, 19 de outubro de 2014

Hannah: autoridade e conservação.

Na sua análise da crise da educação (1960), Hannah procura legitimar a autoridade daquele que ensina. A criança que vem ao mundo é uma vida nova no mundo (velho) e uma vida em formação.
Mas, que mundo é esse? Um mundo que a criança não conhece. Um mundo que a ela precisa ser apresentado, mas um mundo “perigoso”. A proteção é a casa, a propriedade (até para os adultos).

Nesse sentido, a criança precisa ser preservada do mundo. Dentro de casa, a vida em formação pode se desenvolver e se conservar (não perecer). Mas é o adulto que traz a novidade do mundo lá de fora para a criança. Hannah argumenta que a crise da educação advém de uma mudança no comportamento da sociedade, quando a autoridade passa a ser desconstruída e desconsiderada. Se foi a autoridade que sempre orientou e guiou, ao relevá-la, se releva a sua responsabilidade perante o mundo a ser por ela pilotado. Mas, ao abrir mão dessa autoridade, a sociedade não a pegou para si – o homem não se responsabiliza pelo mundo que está aí. E, como ficam nossas crianças? Sem a autoridade, quem se responsabiliza pelo mundo?

A escola tem esse papel: ponte para o mundo. É o professor quem apresenta o mundo para a criança. É a sua autoridade que pode guiar os passos da criança, que, só assim, protegida, se conserva e se desenvolve.

Mas a autoridade vale somente para a educação e para a criança !!! Entre adultos, autoridade é coerção, porque aí estamos no campo da política. A criança precisa ser resguardada da política porque não tem elementos cognitivos suficientes para tal. O homem deve enfrentar a situação política, livre da autoridade.


Autoridade: responsabilidade pela criança; coerção entre adultos.
Educação: conciliando o velho e o novo - o homem sempre é velho no mundo velho; a criança é nova no mundo novo-para-ela, velho-para-o-homem, precisa ser conservada para se desenvolver.

Fale Hannah:


• A educação não pode desempenhar papel na política, porque na política lidamos com os que já estão educados. Educar adultos é coerção.
• O que quer que o mundo adulto proponha de novo às crianças é mais velho do que elas mesmas. Cada geração se transforma no antigo: preparar uma nova geração para um mundo novo equivale a arrancar-lhes a oportunidade face ao novo.
• Velho mundo: admirável, mas não encontrou a solução.

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