sábado, 11 de outubro de 2014

Engatinhando na linguagem, filosoficamente

Mala: não existe a mala, existe uma mala que estou vendo agora. O nome se refere à coisa, mas não uma coisa específica, o nome se refere a uma coisa conceitual que, se existe, existe como uma forma em nosso pensamento.

Aquela mala, o que ela é? Eu não a conheço, eu a vejo porque ela aparece para mim como uma forma. Não conheço o seu conteúdo, a sua constituição. Ela é uma forma retangular e vermelha, ela ocupa um espaço. Mas consigo determinar que coisa é ela? E, sei também, que ela não é inexorável e que um dia vai se tornar alguma outra coisa qualquer.

Então, o que dizer dela? Uma coisa muito prática, para que ela serve, que pode ser muitas coisas e coisas diferentes para diferentes pessoas.

Substantivo, substância: no dicionário está cheio. Mas na realidade, cada coisa é uma coisa singular e desconhecida. O substantivo só é uma forma que eu crio para me relacionar com o mundo, ele só existe quando penso nele ou me lembro dele. Ou quando escrevo no papel. É uma representação vazia.

Adjetivo, qualidade: está em algo, caracteriza algo. Mas o vermelho da mala, aquela constituição pigmentada, não é sozinha: só é na mala ou em outra coisa. É uma pseudo substância, uma substância de nível inferior.

Verbo, ação: utilidade prática. A mala serve para guardar alguma coisa, para transportar coisas, para escorar a porta que pode bater com o vento. A mala não é uma coisa em si, ela é um composto de qualidades que aparecem em determinados momentos de uma determinada forma, de tal maneira que eu consigo identificá-la. Mas a mala só é mala pelo que se presta a ser e enquanto pode ser aquilo que se presta.

Ficaremos tateando na linguagem: o substantivo vazio, o adjetivo que neles aparece e o verbo que pragmaticamente faz. Parece melhor me orientar pela linguagem do verbo.

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