Trata outros aspectos da filosofia da linguagem que
não as teorias do significado[i]
Hacking postula que uma filosofia da
linguagem aplicada teria mais interesse do que as teorias puras do significado,
isto é, aquelas que estudam o significado em si mesmo. Sua abordagem é a de
examinar estudos de casos que influenciaram as teorias da linguagem, seja partindo
da metafísica ou epistemologia, questões estas que são centrais da filosofia e
não da linguística. Segundo Hacking, mesmo os pais da filosofia da linguagem,
como Wittgenstein, Moore ou Austin, estavam tratando de problemas tradicionais
de filosofia como ética, percepção e a natureza da mente humana.
Entretanto, apenas recentemente a
filosofia da linguagem enveredou pelas teorias do significado, conforme
Hacking: “Grande parte da teoria pura do significado que atualmente ocupa nossa
geração irá muito rapidamente tornar-se autônoma, mas um corpo de questões
essencialmente filosóficas sobre a linguagem permanecerá” (p 13)[ii]. Mas não interessam tanto
à filosofia, insiste Hacking, como a linguagem interessa.
Para Hacking, há um interesse filosófico
pela linguagem que vai além das dificuldades de expressão e comunicação,
questões relativas à ambiguidade, equívocos e paradoxos e que, por ventura, seriam
prevenidas por boas definições de termos e palavras (conforme proposto por
Bacon) ou mesmo fazendo uma “limpeza” dos diversos usos de termos no discurso
cotidiano, mas que acabaria por trazer novos termos e aumentar o problema.
Além disso, Hacking diz que seus estudos
de caso devem ser simples em geral, embora sejam abordados filósofos recentes
da linguagem[iii],
como Davidson e Feyerabend que ainda têm uma obra fragmentada e de difícil acesso,
embora discorra pouco sobre nomes importantes como Austin, Strawson (Indivíduos) ou Quine (Palavra e Objeto), nem tampouco sobre a filosofia linguística
de Oxford.
Hacking foca na tradição anglo-americana, além
da perspectiva histórica, já que a linguagem é discutida desde Platão (Eutifrone),
pelos empiristas ingleses, que são familiares e mais fáceis, segundo ele. Nessa
perspectiva, a ideia surge como conceito chave, mas que teve abordagens
bem diferentes ao longo da história.
[i] HACKING, I. Por que a linguagem
interessa à filosofia? São Paulo: Editora Unesp, 1999. 1. Estratégia.
[ii] Autônoma como ocorreu com a
psicologia.
[iii] Metafísicos, segundo ele.
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