De como uma sociedade progride olhando para os lados
e, claramente, para trás
Reconhecer
rosto, por quê? Tristeza? Não... Reconhecimento facial para controle.
Um
rosto triste, se reconhece? Não, somente um rosto suspeito. Okay, okay.
* * * * *
Passou
um carro na estrada, azul. Passou outro atrás, verde. Duas horas depois, o
mesmo, mas no sentido oposto. Passeio? Não, presságio. E mau.
Seria
o velho medo? Botar o narizinho para fora da caverna, procurar alimento. Tudo
isso é muito perigoso. Tudo isso era muito perigoso há 10 mil anos atrás. Resquício?
Receio.
* * * * *
Foucault
explica. Foucault me explica! Tecnologias do poder. Nossa genealogia não nega. E
a filosofia? Corrobora. Filosofia é discurso pautado, mas pode ser embasado e
contestador, desde que seguindo as disposições mais elevadas da constituição
biológica e racional, tudo muito ético e verdadeiro, não se regulando por uma
moral prévia. Inovador? Sim e não. Não e sim.
* * * * *
Venho
através desta somente dizer que eu não tenho nada a dizer, mas que estou vivendo.
Vivo aqui espremido entre outros 6 ou 7 bilhões. São números, mas cada número
desse é um número muito semelhante a mim. A Eu.
Cada
número é um número indecifrável. Mas cada número deve ser decifrado: tecnomedo!
O que aquele número pensa, o que aquele número fez??? O que aquele número...
Aquele número, aquele... Fará?
O
que fará?
Tecnomedo!
Conversão.
Conversão de gente em dado. Conversão de gente em números e fórmulas. Dois
passos para cá, três para lá, uma olhadinha de lado e. Bingo! Teje preso.
* * * * *
Uma
pessoa.
Duas
pessoas.
Quinze
pessoas.
Cinquenta,
trezentas e vinte pessoas.
Movimentação
estranha, aglomerou. Mil. Sete mil, trinta mil. E contando...
Manifestação!!
Alarme, polícia, repressão. Eficiência. Efi-ciência. Ciência?
* * * * *
É
muito triste tudo isso. Você triste, eu triste. Nós tristes e dedos em riste. É
o que resta, um dedo em riste. Resta um chiste. Ou um xote? Não, resta morte.
Fingimos
e vivemos, fingimos e fugimos. Fingimos e fungamos. Eu fungo de choro, mas há
quem fungue de vírus e há quem fungue de fungo. Fungo negro.
* * * * *
Se
a ciência fosse uma ciência de vida seria menos difícil. Ó, ciência, você pariu
sua filha, a tecnologia, a logia do técnico, de uma técnica além de nós. Deus Máquina,
rogai por nós!!
Eu escuto coisas. Eu vejo gente. Ouvi dizer
que a ciência é um jogo de verdade. Sim é um jogo, mas é de verdade!! Entende? Não
é um jogo de mentira. Mentira e medo, duas velhas que andam de braços dados.
Passeando? Não, passando. Um recado. Espreitando. Pedindo tecnomedo, orando
pelo tecnomedo.
* * * * *
Eu
tiro um sorriso, mas logo passa. Os risos, hoje, são de cumplicidade. Poucos são
de ironia. Fora disso, desfaçatez. Riso de um dentro podre, riso baforento. Bafo
de bode. Bode velho, sorria! O bode velho que tem um sorriso amarelo e mentiroso
é aquele bode cuja pele quero de tapete, não de centro, mas de fora da casa.
Para limpar o pé, tirar a inhaca.
A
inhaca tem que grudar em algo e gruda em coisas feias, por isso essa pele de bode
há de limpar tudo. Há de pegar todas as inhacas, degustar a sujeira e palitar
os dentes. E não há de defecar, nenhum detrito há de sair pois tudo é muito
tóxico.
* * * * *
Num
lapso eu volto a mim. Eu me pergunto se o caminho tecnológico é um caminho de
sobrevivência, de excesso ou de medo. Eu queria saber o que estamos fazendo
conosco, com o mundo. Eu tenho dúvidas, mas eu não queria que isso tudo não
fosse nada mais do que um medo tecnológico. Não um medo da tecnologia, mas
um tecnologia do medo.
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