Comentários
sobre o mito cartesiano[i]
Descartes acreditava que nosso corpo é só
uma máquina e tudo o que ocorre em termos de pensamentos, sentimentos e a consciência
estariam em uma “casa” não física e inacessível aos outros (então, como a terapia
funcionaria?).
O erro categorial é imaginar que um conceito,
por exemplo, a universidade é uma coisa como se fosse os prédios, ruas, bibliotecas
e praças que a compõem. Então, onde estaria “a universidade”? Ora, não há uma
universidade materializada, ela é apenas um conceito. É um erro de princípio
imaginar que o conceito e a coisa pertencem ao mesmo tipo de categoria.
É um erro tratar a mente como uma “coisa”
separada do corpo, como se fosse um governador que controla o corpo. Não
haveria, então, processos mentais separados do corpo, não haveria uma mente e um
corpo. É uma falsa oposição, assim como não faz sentido opor idealismo e
materialismo, a questão está mal colocada. Ou determinismo e livre-arbítrio. Ter
que tomar parte é outro erro categorial.
Como não trata a mente como uma sala de
controle dentro da máquina corporal, Ryle argumenta que não estados mentais privados,
mas disposições corporais. Tomando como exemplo a generosidade, ela não é algo
que está “dentro” de nós, mas uma disposição de agirmos com generosidade. Não é
uma força interna misteriosa, algo que deveríamos procurar dentro de uma mente.
Da mesma forma, inteligência é resolver
problemas ou a capacidade de aprender. Algo prático, portanto. Em se tratando
de disposições, isso não significa que sejamos um autômato que não tem escolhas:
volta-se ao erro de categoria do determinismo em oposição ao livre-arbítrio, já
que esse não é um poder misterioso. Livre-arbítrio não passa de uma capacidade
de agir conforme nossa razão ou nossos desejos determinem.
Nesse sentido, nossas decisões não partem
de um controlador central já que a mente se mistura com o corpo e há múltiplos fatores
competindo em nossas deliberações. Fatores baseados em nossas experiencias e
escolhas já realizadas.
Não menos importante é o aviso de que um vocabulário
de cunho mentalista traz termos que podem nos levar ao tratamento de
complexidades desnecessárias. Nos leva a falsa escolhas entre idealismo e
materialismo, corpo e mente, entre outras. Enfatiza-se que determinadas
palavras podem nos confundir na análise dos nossos comportamentos e do funcionamento
da mente. Há que se prestar atenção no uso da linguagem para evitar cairmos em
erros categoriais. Vale uma reflexão entre a teoria filosófica e a vida ordinária.
Post-script: podemos especular que submeter
a mente a leis próprias, do ponto de vista epistemológico, poderia leva-la ao
determinismo, já que haveria ali leis fixas. Por outro lado, eticamente falando,
desassocia-se a mente do mundo, como se ela não dependesse de nossa
experiencia.
Mito
cartesiano
https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2020/05/o-mito-de-descartes-doutrina-oficial.html
Doutrina Oficial
Corpo: publico
Mente: privado: conhecimento
indubitável – suspensão do juízo
Exterior x interior: metáfora
– estímulos longínquos – afeta um controle central
Transições: psicologia x
fisiologia
Representação cartesiana??
Dois
tipos de existência, tempos diferentes, diferentes objetos
Robson
Crusoé
Objeção: Freud e o
inconsciente
Observação da vida
interior: não se pode falar da vida interior dos outros
Corolário
Alicerce para construção
de teorias... Lugar da mente e sua natureza!
Absurda da Doutrina
Erro em
princípio – erro de categoria
Espírito de equipe x
ações = terceira coisa?
Erro teórico x erro de
conceito: igualar corpo e mente
Portanto: fantasma
Origem do erro
Mecânica de Galileu:
mente fora (cunho moral)
Hobbes: mundo mecânico
Problema gramatical: vocabulário
invertido para a mente
Como explicar a causação
Determinismo x
Libre Arbítrio
Criterios de primeira
pessoa x de terceira pessoa
Exemplo Dickens
Conjugar processos
mentais e físicos
Consequências: acabar com
a crença dessa divisão infundada
Ryle: deflacionário
Nota histórica
Influência de teorias teológicas sobre descartes
[i] Revisitando o mito com a ajuda de um vídeo criado por humano e um áudio criado por máquina. “Baby, oh, baby, Bem-vinda ao século XXI”. https://youtu.be/AzHlhuLAFY4 https://youtu.be/XUeAQXL_0jc
Não podemos esquecer que há problemas com a postulação de Ryle: https://youtu.be/aWjRUpcb83g - Gilbert Ryle: problemas com o conceito de mente | Entrevista com Victória de Oliveira -
ResponderExcluirCaio Souto - Conversações filosóficas