sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Revisitando o mito cartesiano

Comentários sobre o mito cartesiano[i]

Descartes acreditava que nosso corpo é só uma máquina e tudo o que ocorre em termos de pensamentos, sentimentos e a consciência estariam em uma “casa” não física e inacessível aos outros (então, como a terapia funcionaria?).

O erro categorial é imaginar que um conceito, por exemplo, a universidade é uma coisa como se fosse os prédios, ruas, bibliotecas e praças que a compõem. Então, onde estaria “a universidade”? Ora, não há uma universidade materializada, ela é apenas um conceito. É um erro de princípio imaginar que o conceito e a coisa pertencem ao mesmo tipo de categoria.

É um erro tratar a mente como uma “coisa” separada do corpo, como se fosse um governador que controla o corpo. Não haveria, então, processos mentais separados do corpo, não haveria uma mente e um corpo. É uma falsa oposição, assim como não faz sentido opor idealismo e materialismo, a questão está mal colocada. Ou determinismo e livre-arbítrio. Ter que tomar parte é outro erro categorial.

Como não trata a mente como uma sala de controle dentro da máquina corporal, Ryle argumenta que não estados mentais privados, mas disposições corporais. Tomando como exemplo a generosidade, ela não é algo que está “dentro” de nós, mas uma disposição de agirmos com generosidade. Não é uma força interna misteriosa, algo que deveríamos procurar dentro de uma mente.

Da mesma forma, inteligência é resolver problemas ou a capacidade de aprender. Algo prático, portanto. Em se tratando de disposições, isso não significa que sejamos um autômato que não tem escolhas: volta-se ao erro de categoria do determinismo em oposição ao livre-arbítrio, já que esse não é um poder misterioso. Livre-arbítrio não passa de uma capacidade de agir conforme nossa razão ou nossos desejos determinem.

Nesse sentido, nossas decisões não partem de um controlador central já que a mente se mistura com o corpo e há múltiplos fatores competindo em nossas deliberações. Fatores baseados em nossas experiencias e escolhas já realizadas.

Não menos importante é o aviso de que um vocabulário de cunho mentalista traz termos que podem nos levar ao tratamento de complexidades desnecessárias. Nos leva a falsa escolhas entre idealismo e materialismo, corpo e mente, entre outras. Enfatiza-se que determinadas palavras podem nos confundir na análise dos nossos comportamentos e do funcionamento da mente. Há que se prestar atenção no uso da linguagem para evitar cairmos em erros categoriais. Vale uma reflexão entre a teoria filosófica e a vida ordinária.

Post-script: podemos especular que submeter a mente a leis próprias, do ponto de vista epistemológico, poderia leva-la ao determinismo, já que haveria ali leis fixas. Por outro lado, eticamente falando, desassocia-se a mente do mundo, como se ela não dependesse de nossa experiencia.

 

Mito cartesiano

https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2020/05/o-mito-de-descartes-doutrina-oficial.html

Doutrina Oficial

Corpo: publico

Mente: privado: conhecimento indubitável – suspensão do juízo

Exterior x interior: metáfora – estímulos longínquos – afeta um controle central

Transições: psicologia x fisiologia

Representação cartesiana??

Dois tipos de existência, tempos diferentes, diferentes objetos

Robson Crusoé

Objeção: Freud e o inconsciente

Observação da vida interior: não se pode falar da vida interior dos outros

Corolário

Alicerce para construção de teorias... Lugar da mente e sua natureza!

Absurda da Doutrina

Erro em princípio – erro de categoria

Espírito de equipe x ações = terceira coisa?

Erro teórico x erro de conceito: igualar corpo e mente

Portanto: fantasma

Origem do erro

Mecânica de Galileu: mente fora (cunho moral)

Hobbes: mundo mecânico

Problema gramatical: vocabulário invertido para a mente

Como explicar a causação

Determinismo x Libre Arbítrio

Criterios de primeira pessoa x de terceira pessoa

Exemplo Dickens

Conjugar processos mentais e físicos

Consequências: acabar com a crença dessa divisão infundada

Ryle: deflacionário

Nota histórica

            Influência de teorias teológicas sobre descartes



[i] Revisitando o mito com a ajuda de um vídeo criado por humano e um áudio criado por máquina. “Baby, oh, baby, Bem-vinda ao século XXI”. https://youtu.be/AzHlhuLAFY4  https://youtu.be/XUeAQXL_0jc 

Um comentário:

  1. Não podemos esquecer que há problemas com a postulação de Ryle: https://youtu.be/aWjRUpcb83g - Gilbert Ryle: problemas com o conceito de mente | Entrevista com Victória de Oliveira -
    Caio Souto - Conversações filosóficas

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