Na sua teoria da mente, como já vimos nesse espaço, Searle nega tanto dualismo como monismo alegando a influência cartesiana anacrônica
em ambas as visões e propondo uma abordagem que trate a consciência, ao mesmo
tempo irredutível, como fenômeno biológico natural. Entretanto esse fenômeno se
naturaliza pelo fisicalismo reduzindo o mental a processos físicos, depreciando
o estudo da consciência e não levando em conta o aspecto subjetivo.
Nesse sentido, há uma
profunda divergência entre Searle e Dennett no tratamento da mente conforme o “senso
comum”, pois “para Dennett há uma extravagância metafísica na ontologia
subjetiva de Searle”. Dennett trabalha com a visão objetiva de ciência na qual
o tratamento da consciência não se enquadra, pois não permite verificação “de
terceiros”.
Por seu lado, para Searle
a mente é um objeto existente e deve ser investigada cientificamente, pois que pessoas
sintam dores, por exemplo, é um fato objetivo, embora ontologicamente subjetivo
e deveríamos buscar uma explicação neurobiológica da causação dos estados
conscientes pelos processos cerebrais.
Em Searle opera papel
fundamental a intencionalidade, produto biológico evolutivo, que faz com que
nos conectemos com o mundo através de estados intencionais com certas caraterísticas:
veracidade (o objeto deve existir), direção (mente-mundo; mundo-mente), um
determinado conteúdo e o modo psicológico: uma crença, desejo, etc.
Duas são as formas biológicas
mais básicas de intencionalidade: o ato perceptivo, que traz consigo um “background”
de significados com que nos relacionamos com os objetos e a ação intencional, que
é a condição de satisfação de uma intenção, seja uma intenção prévia e as
não-intencionais, porém com intenção em ação e que até possa resultar em
acidentes.
Tanto na percepção, como
na ação, há uma relação causal não como lei universal, mas relação lógica de
causação intencional onde o conteúdo intencional é satisfeito. Além disso, não
há teoria da intencionalidade sem o background de crenças, desejos e demais
estados psicológicos, ou seja, “conjunto de capacidades mentais não-representacionais
que permite a ocorrência de toda representação”. Portanto, o background é o elo
de nossa parte subjetiva com os fatores externos de estímulo.
Embora a posição de
Searle possa equivaler a um realismo ingênuo, acredita-se que a neurociência abrirá caminhos para o estudo dos aspectos empíricos da consciência e não
haveria contradição entre uma abordagem de senso comum e a ciência. Para Searle, vencer o vocabulário tradicional é pode tratar da mente e não separá-la. É tratar
cérebro e mente como duas coisas distintas, porém físicas.
[i] Fichamento de “Subjetividade e
intencionalidade: Searle crítico de Dennett”, acessado no endereço: https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/pauloejonas.pdf,
em 24/04/2020.
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