Em
tempos de COVID-19, nós, classe média, profissionais liberais, nunca fomos tão
burgueses. Propriedade privada, acúmulo de capital, mais do que nunca estamos
em nossa bolha. Bolha que um dia começou virtual, nas redes, mídias sociais, mas agora é física. Físico-virtual.
De
fato, para nós, burgueses, as fronteiras estão se apagando. O físico, mundo
real, vai se perdendo e se torna distante, é uma fresta na janela. De alguma
forma tudo o que precisamos está em nossas mãos, tudo chega até nós. A eletricidade
para a iluminação, banho quente se necessário e todos os aparelhos elétricos e eletrônicos
que acumulamos, água tratada. A internet chega à nossa casa e traz o mundo
junto. A comida vem do aplicativo, as contas todas automáticas, não é preciso
dinheiro. Sabemos pela televisão ou programas de transmissão de notícias de
fatos que parecem estarem tão longe...
Mas
não estão. Os fatos estão na rua, mas com a COVID-19 a rua é território
proibido. Porém, subindo a rua aqui ao lado, rua Teodoro Sampaio e virando na Av. Dr.
Arnaldo está o HC, o Adolfo Lutz, etc. Se descer para o lado do Pacaembu está o
estádio municipal tão conhecido pelo futebol e agora hospital de campanha.
O estádio do Pacaembu, privatizado por Doria e já mais afastado do futebol, é utilizado como medida emergencial
para salvar vidas. Política? Sim. Politicagem? Talvez, não julguemos. E como
disse o Trajano, esse é o maior jogo da história daquele estádio. Assim como as imensas filas de sem teto recebendo alimentação dos franciscanos, no largo. Tudo isso é real.
Portanto, sim,
há gente agindo na rua, naquele mundo perdido. Devemos sair? Sabemos que não,
mas até quando o não sair é nosso lenitivo?
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