Somos
reféns do passado, contra isso não se pode lutar. A gente chega em um mundo constituído,
seja com suas agruras ou benesses. Há uma herança entranhada no corpo e essa
parte física, sendo o que nos constitui, é o essencial. E só.
Então,
resumindo, se há escolha, ela é fictícia. Há um contexto de nascimento, cultural, de possibilidades.
Aí embutidos, lançam-se os dados. Aposta-se um número e a roleta gira. Se eu
tenho o zap, eu posso trucar logo de cara, ou posso segurar, mas posso morrer
com ele. Aclarando: por mais que haja um pensamento original, um fragmento de
lucidez, tudo isso é intrínseco a uma panaceia que apresenta forte ligação
entre suas partes. É a pangeia que não ocorreu, porque o próprio mar é vida. E,
assim, todos nós interligados, seguimos.
Isso
posto, sorrateiramente e talvez sem que queiramos, há um dispositivo. Há uma miríade
de coisas. É lamentável que, em pleno século XXI, por mais que proliferem danos
de ordem pessoal, isso tudo não esteja disponível para todos. Mas não é sobre isso,
exatamente, que queremos tratar. Sobre autonomia, falaremos.
O
que passa é que a espécime se aperfeiçoa e, obviamente, porque disso depende
sua existência. Mas é um engodo achar que tudo ocorre sem nenhuma determinação ou,
enviesadamente, nos acharmos senhores do tempo. Não! O tempo não é nosso, se bem
que o tempo é, sim, uma criação nossa. Mas foi feito para ordenar, organizar,
intervalar. É só isso, no frigir dos ovos.
De
todo o modo, aperfeiçoar não é, necessariamente, ir para frente. O siri não nos
deixa mentir. Seria um falso dilema? No final da história, tudo é lixo. Tudo,
tudo, tudo é lixo. Consumimos lixo, somos lixo. Mas não façamos disso uma
bandeira, bandeiras aprisionam. A superfície é tudo, menos latente. Desce,
desce aí, escava, pode escavar à vontade, que não tem nada. E a tecnologia? É só
o espelho de Narciso, não mais.
Segundo parágrafo: há escolha, o que não há é livre-arbítrio, ou seja, não há escolha transcendente, somente empírica, isto é, imanente
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