Trata de pontos da diferença entre o behaviorismo metodológico de Watson e o behaviorismo radical de Skinner, dentro da concepção de comportamento na psicologia.
Behaviorismo metodológico.
Embora o behaviorismo já tenha saído de pauta, conforme afirma Teixeira, é
importante seu conhecimento pois a ele se oporá o cognitivismo. Portanto, de
acordo com a psicologia popular[ii] e o behaviorismo
metodológico, o comportamento é identificado como um “movimento muscular
observável”. Essa é a visão de Watson, baseada no estímulo-resposta que retira
a mente do discurso científico objetivo e experimental, bem como o vocabulário
mentalista oriundo da introspecção e consciência.
Teixeira nota que, paradoxalmente, tal
concepção o aproxima de Descartes, na medida em que separa e não estuda a
mente. Na perspectiva do behaviorismo metodológico, o estudo de comportamento
dos humanos se aproxima dos animais, embora reconhecendo o papel da linguagem
ou da imaginação, mas pautando o estudo sensório-motor, estudo do comportamento
em termos de reflexos, mesmo nem todos os comportamentos produzindo estímulos.
Crítica de Ryle. Teixeira
traz as críticas de Ryle, através de situações onde, por uma observação apenas
fenomenalista, não se consegue distinguir entre comportamentos involuntários,
deliberados ou mesmo algum tipo de imitação ou fingimento. Segundo Ryle, isso
só seria possível pela interpretação, pois somente pelo movimento muscular não
se poderia conhecer o comportamento exato. Para Ryle, é preciso uma linguagem
mentalista e atribuição de crenças e intenções a alguém, ou seja, o mental não
se reduz ao comportamento.
Behaviorismo radical.
Já Skinner considera estados mentais, embora sem causa operante. Em seu
behaviorismo radical, o comportamento operante pode não ser observável e
não se reduz a causa e efeito[iii]. Ou seja, o
comportamento operante não requer estímulo identificável, mas sua resposta
produz um efeito no ambiente em que o organismo está inserido, mas que pode ser
pautada por um estímulo discriminativo que pode ser inferido. Nesse caso, não
há respostas idênticas, mas classes de estímulos e respostas genéricas e
eventos reforçadores (consequências) responsáveis pelo condicionamento.
Interpretação. De
acordo com Teixeira, Skinner rompe a barreira mecanicista do estímulo-resposta
e, em seu behaviorismo radical, as frequências de respostas e reforços trazem a
probabilidade, que vai além do tudo ou nada, e o comportamento supera o que é
dado somente na percepção. Ao rejeitar a associação entre comportamento e
movimento muscular perceptível, Skinner diz que “uma ciência do comportamento
só pode oferecer uma interpretação”. Com essa ideia teórica, Skinner se afasta
do empirismo e do neopositivismo extremamente fisicalista. Conforme Teixeira: “Não
há observação do comportamento que não seja simultaneamente interpretação.”.
Assim, Skinner abre as portas para o
estudo de fenômenos mentais inobserváveis, tratados como um comportamento
encoberto. Seu behaviorismo é radical porque trata da psique, mesmo que
aproximando a consciência da linguagem, mas fechando a porta ao dualismo. E
segundo Teixeira, há um resíduo mental que não pode ser eliminado na descrição
do comportamento humano, que se aproxima da interpretação tratada por Skinner.
Isso porque, na visão fisicalista de Watson, não há lugar para o sentido e
atinge-se o limite da psicologia experimental. Já com a proposta de Skinner,
podemos suplantar os aspectos empíricos do comportamento e tratar dos aspectos
funcionais.
Não Reducionismo. Teixeira
também ressalta que os neopositivistas e behavioristas radicais leram Skinner
erradamente, baseados na concepção da psicologia popular que visava o discurso
fisicalista defendido por Carnap. Skinner só era antimentalista sendo anticartesianista
e, nesse caso, concordaria com a visão de Fodor que compatibiliza mentalismo e
materialismo.
No behaviorismo radical, não se pode
reduzir a intencionalidade ao comportamento observável nem a ele filiar o
neopositivismo, que seria herança do behaviorismo metodológico, linha essa que
parece ganhar força com a neurociência cognitiva, a partir da busca de
estímulos cerebrais. Contudo, nem a neurociência poderá escapar das retroações
que o comportamento estabelece com o meio ambiente ou com a interpretação que um
estudioso de uma imagem faz do que supostamente está ocorrendo no cérebro e
estaria associado a determinado comportamento.
[i] Conforme TEIXEIRA, J. de F. Mente
e comportamento, acessado em 06/02/2021 na Aurora Journal of Philosophy.
Link: https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/2209.
[iii] O de Watson é um comportamento
reflexo ou respondente.
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