Vamos
a alguns dos fatos recentes em terras tupiniquins: a ex-futura ministra do
trabalho e seu vídeo-selfie se perpetuando pelo noticiário e mídias sociais
mostram que há uma confusão entre o público e o privado, a ponto de seu pai
repreendê-la em público, nobre político de estirpe duvidosa. O jogo profano
entre SS (sim aquele do baú da felicidade que quer encobrir o teatro-resistência
da Bela Vista) e o nosso querido presidente-usurpador revela que tipo de moral já
pode ser apresentado na TV, sem cortes. Um juiz que quer o auxílio-moradia-palaciana
dobrado não deixa dúvidas de que a luta de classes é para valer e acentua o
quão as atribuições do poder jurídico-justiceiro estão deliberadas e descaradas
(sim, bem-vindo ao lawfare-state). Por fim, Lula, símbolo de uma geração pura e
sonhadora, mas que acordou maniqueísta e agora se digladia, condenado por uma
elite que condena um projeto de ascensão social. O gigante não acordou, ele tem
pesadelos.
Tristes
fatos: haja psicologia e Rivotril para dormir. Mas há motivo para espanto? Desde
os primórdios, o homem social inventa valores e os distorce ao seu bel prazer e
fortuna. Muito embora tendamos a nos assombrar com essas artimanhas despudoradas
que nos bombardeia incansavelmente esse ano de 2018, tão novo e já tão tinhoso,
isso só apresenta a nossa verdadeira face (ou seria cara de pau?). E é bom que
seja assim, nada de maquiagens e retoques, que venha a realidade nua e crua. Tristes
fatos? Muito mais do que isso, fatos irritantes que nos fazem perder a calma e de
antemão nos alertam para o que nos espera. E que ano, hein? Precoce, mas que
promete: copa do mundo, eleições... Verdade seja dita: se sobrevivermos,
teremos uma longa história para contar. E não sobreviveremos a estes tristes
fatos para dizer lá na frente: “estamos livres!”. Aqui, em terra brasilis,
nunca estaremos livres.
A
vida como ela é, em terra brasilis, manda recado: não veio para brincadeira. Essa
miscigenação, essa diversidade esconde muita ruindade por trás desse povo
alegre. Se já é chegada a hora de pular e cantar, nas vésperas do carnaval, de onde
vamos puxar energia e alegria para o embalo? Tudo bem, retiremos
temporariamente a poeira desses tristes fatos para que o último suspiro seja
dado. Depois disso, não haverá arrego. A imprevisibilidade do que virá traz uma
sombria sobriedade previsível. Tudo muito meticuloso, as víboras estão rastejando
e se refestelando soberbas. O riso amarelo fabricado mostra a vida como ela é
em terra brasilis. Indica que rir é para os bons, os que foram selecionados. Mas se eles riem, nós, o resto, gentalha, não fazemos muito. Vivemos na base do “tapinha
nas costas”, a marca falsa de uma irresistível vontade de se resguardar, e que anuncia
que eu estou aqui e você aí e que você fique aí que eu fico aqui.
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