quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Funcionalismo atualizado

Esse texto retoma os principais aspectos do funcionalismo[i]

O funcionalismo se preocupa com o papel desempenhado pelos estados mentais, ao invés de sua composição, como fazem as abordagens materialista e dualista, em geral. Assim, se um robô expressa dor, então ele sente dor, como nós, independentemente de ter um cérebro orgânico como o nosso. É interessante que o funcionalismo se filia a Aristóteles, Hobbes e Turing.

Para o estagirita, a alma expressava nossa racionalidade, isto é, ela que permitia que fossemos um ser humano racional, capacidade que nos define enquanto espécie. Vitor faz um paralelo com o pleito kantiano da condição de possibilidade do conhecimento, ante o pêndulo entre racionalistas e empiristas. Kant desloca a questão para outra abordagem, assim como o funcionalista também se esquiva do debate entre mente e matéria.

Já Hobbes via nosso organismo como uma máquina e o nosso raciocínio como um cálculo matemático, cada qual com uma função[ii]. Por fim, Turing criou um teste que poderia verificar se uma máquina seria capaz de pensar, levando alguém a confundi-la com um humano[iii], aí identificando pensamentos com estados de um sistema. No nosso ponto de vista, quando o teste de Turing indica que um robô deixa de ser um robô e passa a ter uma mente, parece que estamos próximos do emergentismo ou epifenomenalismo[iv].

Vitor também associa o funcionalismo ao behaviorismo[v], seja o lógico, que trata de estados mentais (introspectivos) como sendo comportamentos observáveis, ou o científico que se preocupa com ações e reações ao ambiente, isto é, por que um comportamento ocorre, já no campo psicológico. Por ele seria possível “medir” o comportamento, não sendo necessário explicar as ações do “homúnculo” interior. Mas esse homúnculo interior teria que recorrer, também, a outro homúnculo [interior] e assim sucessivamente. Como problema do behaviorismo, Vitor coloca que podemos ter estados mentais sem comportamento e vice-versa. Ou mesmo fingir, omitir.

Então tratemos agora dos tipos de funcionalismo: o de estado de máquina (teorias de IA), o analítico, oriundo do behaviorismo empírico e o psicofuncionalismo que provém do behaviorismo lógico. O primeiro trata a mente como sistema que processa informações, analogamente a um computador[vi], baseado em entradas, estados e saídas (com regras). Nesse sentido, explica Vitor, o funcionalismo vai mais além do que o behaviorismo, pois não analisa somente comportamento, ele tem que pressupor um estado interno que vai levar ao comportamento. Também ressalta que o software (a mente) independe do substrato físico.

O funcionalismo analítico, além da base do de estado de máquina, busca utilizar como explicação um vocabulário de senso comum, não técnico. Fica o problema de diferenciar ou caracterizar estados mentais, de maneira unívoca. Através dele também poderíamos atribuir estados mentais a sistemas sem qualquer consciência, porque poderíamos atribuir a eles as descrições do senso comum[vii]. Já o psicofuncionalismo, que responde a esse problema, elabora descrições com base no vocabulário psicológico, mas, nesse caso, também vai rejeitar estados mentais sem evidência rigorosa. Há uma crítica de Ned Block, como cita Vitor, que se muito rigoroso, pode eliminar vidas inteligentes não examinadas em laboratório. Abaixo o “tabelão do Vitor”:

Texto

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.



[i] Notas sobre a aula de Vitor Lima sobre o funcionalismo no curso de Filosofia da Mente, canal INEF: https://www.youtube.com/@istonaoefilosofia. Conforme ele, a fonte original é a Stanford Encyclopedia of Philosophy, artigo no link: https://plato.stanford.edu/entries/functionalism/.

[vi] Assim como Hobbes associou o corpo a um autômato, como observa Vitor, nos situando na era tecnológica do nosso tempo.

[vii] Como cita Vitor: “o mercado acordou de mau humor”. Ou a terra é gaia. 

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