sábado, 2 de outubro de 2021

Pós-verdade?

Mais um outubro, mas não é só mais um outubro...

Outubro começa, novamente. É simbólico porque precisamos de simbologia, embora não se deva levar em consideração qualquer superstição. Mas esse outubro começa diferente por um motivo principal conhecido por todos: a pandemia. Isso nos marca e nos singulariza. Entretanto, o século XXI já vinha na toada pós-modernista que trazia uma certa falta de padrão ainda mais evidente depois do modernismo acadêmico do século passado.

O pós-modernismo quebra os paradigmas e abre possibilidades. Isso é bom? Em certo sentido sim, “saímos da caixinha”. Por outro lado, o pós-modernismo chega ao esquizofrênico. Somadas as contribuições positivas e negativas, as correntes anteriores ainda estavam lá, preservadas. Isso posto, parece que o pós-modernismo não vai passar impunemente, pois que ele visou destruir e, então, a destruição se instituiu. Houve um movimento global, nos primórdios do século atual, extremamente conservador e que resgata valores autoritários.

Essa avalanche conservadora que esteve no império ecoou no antigo continente e na periferia. Mas para toda ação há uma reação. Entre grandes manifestações e a tomada de “lugares de fala” incentivada pela rede de comunicação, as minorias, os progressistas, muitos se contrapuseram e se contrapõem. Mas essa época é muito peculiar porque um fenômeno, senão novo pois pode estar filiado à ideologia, aparece com força arrebatadora: as fake news.

O poder de certos grupos com alto potencial de manipulação cria mensagens e imagens que capturam vastas parcelas da população. Aparece um discurso que tudo pode. Aparece um discurso de negação, mas que angaria, que engaja. É um discurso que visa destruir muito do que está aí, há tanto tempo. Já não se sabe se a terra é plana, se existem chips dentro de vacinas, etc. Pós-verdade?

Sim, vivemos na era da pós-verdade que é o auge do pós-modernismo elevado à quinta potência por uma onda conservadora e autoritária que se aliou a um vírus avassalador. Guerra de narrativas? Não, definitivamente. Não há pós-verdade muito embora a verdade não seja algo consensual ou definitivo. Mas isso não quer dizer que se pode aceitar qualquer narrativa. A era da pós-verdade é, de fato, a era da mentira e ela nós devemos nos opor frontalmente. Um mundo de pós-verdade é aquele que se funda em solo arenoso, gelatinoso. É um castelo de cartas e nós devemos ser o vento a derrubá-lo.

Mais do que nunca é preciso reforçar de lado que está o plausível, o equilibrado. Mais do que nunca é preciso educação, é preciso deixar claro  o que não pode ser tolerado. Há várias narrativas e pode haver um duelo de opiniões, mas há muitas mentiras e elas precisam ser derrubadas. Existia uma sensação de civilidade que se quebrou, mas não se pode permitir que barbárie se imponha sem resistência. Abaixo à mentira.


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