Pegamos um recorte pequeno de El-Hani
& Queiroz[i],
para definir a emergência como a criação de novas propriedades que são
emergentes, ou seja, são de um nível superior e se relacionam a uma microestrutura
de um sistema. Eles afirmam que uma teoria fisicalista emergente deve se
comprometer com o naturalismo, em oposição a entidades sobrenaturais e o
monismo[ii]
físico: todas as entidades são constituídas de partes físicas[iii]
e seguem leis físicas.
Conforme Pessoa[iv], “quando a matéria
adquire um certo grau de complexidade, aparecem propriedades genuinamente
novas, que não estão presentes em cada
uma das partes separadas do todo”[v]. George
Henry Lewes, ao tratar da emergência, cita o caso da água: “não sabemos como a
Água emerge do Oxigênio e Hidrogênio. O fato da emergência nós conhecemos; e
podemos estar seguros de que o que emerge é a expressão de suas condições”.
Cabe ainda citar, conforme Pessoa, o
cientista inglês Conwy Lloyd Morgan, que usou a emergência no campo da
teoria da evolução biológica tratando do desenvolvimento advindo de mudanças mecanicistas,
que ocorrem continuamente na evolução, mas também de efeitos emergentes que
surgem no nível da vida, fora do ornamento físico mecanicista. E Charlie Dunbar
Broad como o filósofo que mais trabalhou a ideia de emergência na Filosofia da
Mente, que permite conciliar materialismo com não reducionismo.
Já o neurocientista Roger Sperry
concebeu que os fenômenos mentais não estariam no nível neuronal, mas em uma
camada acima, holista, que culminaria com a tese da causação descendente, onde a consciência poderia controlar o
cérebro[vi].
Nesse ponto, Pessoa lembra Jaegwon Kim, já que para ele o universo físico teria
um “fechamento causal” e não haveria espaço para uma relação causal de natureza
mental.
[i] Conforme "Modos de irredutibilidade das
propriedades emergentes", de Charbel Niño El-Hani & João Queiroz, 2005. URL: http://www.scielo.br/pdf/ss/v3n1/a01v3n1.pdf,
acesso em 08/03/2020.
[ii] Conforme Wikipédia: “Em geral, é
o nome dado às teorias filosóficas que defendem a unidade da realidade como
um todo (em metafísica) ou a existência de um único tipo de substância
ontológica, como a identidade entre mente e corpo (em filosofia da mente) por oposição
ao dualismo ou ao pluralismo, à afirmação de realidades separadas.”.
Endereço https://pt.wikipedia.org/wiki/Monismo,
acessado em 08/03/2020.
[iii] Geralmente podemos dizer que o
constituinte fundamental da matéria é o elétron, numa simplificação do Modelo Padrão,
embora se sabendo que pode se chegar a infinitos níveis de descendência e que estamos sob ameaça da teoria das cordas.
[iv] Pessoa: http://opessoa.fflch.usp.br/sites/opessoa.fflch.usp.br/files/TCFC3-16-Cap03.pdf.
[vi] Vide causação mental aparente: https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2018/03/nao-estamos-no-comando.html.
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