A partir de 2013 começou um processo de radicalização
de um tipo de opinião a favor de “direitos individuais” que traz a reboque um
empreendedorismo cego aliado ao cerceamento do debate. Eleito o inimigo,
naquele momento coisa simples, fácil e óbvia, sedimenta-se o caminho rumo à negação
da ciência, apego ao Deus provedor das igrejas e um movimento direitista sutil que se
apropria das mídias sociais para alienar a maioria da população.
Eleito o novo messias em 2018, o resultado não é
somente robôs virtuais que fazem disparos em massa a serviço do gabinete do
ódio ou do gado que se vê empoderado no líder, mas toda uma inteligência coletiva
degradada. O povo se perdeu, a classe média quer migalhas. Essa camada sempre
semi-favorecida, mas nunca abandonada, sempre flutuando por cima dos que
carregam o piano, tal classe, sim, trabalhadora também, emburreceu.
É triste e tenho dó deles. Tenho dó
porque estão além das possibilidades. Repulsam a crítica. Criam mitos brucutus
e artificiais. Há tanto debate na esquerda, nos blogs sujos, na academia. Há,
também, eventualmente, erros, ideologia. Mas as sobras que são jogadas para
essa camada que (benza deus!) agradecem, é um filme monocromático. Vide Jornal Nacional e o
desfile de economistas coxinhas, um monólogo chato e sonolento. Não há diversidade.
Será que eles (classe média) merecem? Ou será que não
fomos capazes de formar uma sociedade mais emancipada? O discurso raso, o viver
utilitário (trabalho-resultado), o mercado, enfim, tudo isso germina nossa
sociedade hipócrita e mesquinha. Mas, eu tenho dó porque eles acham que assim
são felizes. E, certamente, não é soberba de minha parte pois sei que só
estamos aqui para usufruir enquanto for possível e enquanto deixarem. Depois
disso é só o pó.
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