segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Depurando o sujeito

Depurar o sujeito... Para que depurar o sujeito? Para encontrar seus segredos e suas verdades? Mas, haveria esse tipo de coisa “dentro” do sujeito? É muito difícil haver uma verdade em alguém porque, expressamente, uma verdade é algo imutável. O que seria esse imutável da verdade de cada um? Onde ele se localizaria? No coração, no cérebro, na mente, na alma, em cada célula, espalhado? Ou a verdade seria o todo do todo de cada um e, aí, o todo seria imutável, o que não se verifica na prática. Mais do que isso, uma verdade de um sujeito seria algo líquido e certo e, nesse sentido, não fica claro porque revelar tal verdade. Cada verdade revelada e manifestada por um sujeito se chocaria com a verdade de outro sujeito e nada resultaria desse choque, a não ser um dispêndio de energia inútil e inaproveitável.
Depurar o sujeito... Por que depurar o sujeito? Para retirar algo dele? Depurando-o não aniquilaríamos suas vontades? A vontade de um sujeito deve ser conservada porque um sujeito com vontade faz. Um sujeito sem vontade é um sujeito depurado. O que fazer com um sujeito depurado? O que fazer com o que foi depurado de um sujeito?
Em algum momento, porém, sujeitos precisam ser depurados. E só o são por outros sujeitos. Sãos. Sujeitos são depurados por sujeitos sãos. Sujeitos sãos depuram, mas também podem ser depurados. Acaba havendo, assim, uma cadeia de depuração dos mais sãos aos menos sãos e procurando um sentido...
Não é fácil achar o ponto onde começa a depuração de um e termina a do outro e também não é fácil chegar ao sentido. Tudo isso não passa de pura ficção, fantasia. O sentido não é achar um sentido, o sentido é procurar um sentido. Depurar não é achar um sentido, é procurar um sentido. Ser depurado é um talvez, sem verdade, com vontade, procurando.

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