quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Política sem sujeito

    Eu queria pensar em um princípio que norteasse nossas escolhas políticas ou, pelo menos, a maneira como opinamos, senão que indicasse como formulamos pensamentos muito formais e potencialmente transformadores. Vivemos sob grande sombra do estado artificial. Mais do que nunca, somos modernos. Um dia nos agrupamos e nos associamos e não importa agora sabermos o porque. Faz tanto tempo! De fato, sempre há um poder que de algum modo se estabelece. Eu queria achar uma fórmula base para tal desenvolvimento. Marx pensou historicamente uma luta pela propriedade. Para ele há um valor. Eu queria concordar com ele e buscar um valor também. Afinal não pensamos sempre e opinamos fundamentados em um valor? 
    Mas essa minha tentativa só revela o quão dogmático eu sou por acreditar que há um alguém ou muitos por trás disso tudo. Então, me lembro de que Sartre arrochou esse eu, esse que queria isso e aquilo: lançou-o para o mundo. Não há esse eu por detrás das ações, simplesmente somos atraídos pelo mundo, o primeiro estalo é intencional e irrefletido. Não há valor aí, somos apenas reflexos quase sempre mal condicionados. O agir é estupidamente livre e essa é a nossa responsabilidade: fica difícil teorizar sobre formas de verdade e encontrar saídas. Mas tudo isso parece muito sentimental. A ação deve se estabelecer um pouco mais acima.
    Precisamos entender como funcionaria uma política sem sujeito. Faz tanto tempo que esse eu vem perdendo espaço, mas a sua síntese ainda ecoa nessas reflexões. Minha revolução copernicana é expulsar esse eu da política, dissolvê-lo para poder pensar. Soa paradoxal, mas me parece um caminho. 

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