De
como o objeto técnico evolui e ganha forma tal como um objeto natural [i]
Simondon parte de uma divergência entre a cultura, que
ignora as máquinas e se aliena, e o mundo tecnológico que aí vai a um
tecnicismo imoderado. Ele caracteriza a oposição entre homem e máquina como
consentimento e ignorância. Então, a filosofia deve tentar compreender a índole
dos objetos técnicos e ele prega um ensino de iniciação à técnica que forme
pessoas capazes de entender a natureza das máquinas.
O autor enumera três níveis no mundo técnico: 1.)
elementar, otimismo do século XVIII quando o avanço não ameaça hábitos
tradicionais; 2.) indivíduos (máquinas do século XIX), era da termodinâmica que mistura exaltação e temores; 3.) era da informação (século XX) que regula e
estabiliza o mundo.
Objeto
Técnico
Simondon aposta no estudo da gênese do ser técnico,
associado à cultura técnica, em oposição ao estudo estático do saber técnico que
capta a atualidade. O objeto técnico evolui do abstrato ao concreto, com partes
soltas que se sintetizam, por exemplo, o motor a combustão que tem no motor
atual um todo interligado.
Quando abstrato, o objeto apresenta problemas de
adaptação entre as partes que, progredindo, vão se aperfeiçoando para se tornar
um objeto coerente que já “não mais está em luta consigo mesmo”.
Os objetos técnicos evoluem por causas, amiúde
econômicas e sociais, mas principalmente técnicas ou quando avanços em um
objeto (avião) interferem em outro (automóvel) e, às vezes, passando por
intervalos até que surja nova matéria-prima, por exemplo.
Se o objeto técnico é produzido artesanalmente e aí
instável, quando concreto se sujeita à industrialização, quando sua produção
já está associada ao conhecimento científico. Embora se conserve uma essência
técnica nessa evolução: combustão interna – motor a gás – motor a diesel.
O objeto abstrato, por exigir intervenções humanas, é
considerado artificial para Simondon, ao passo que o objeto concreto é evoluído
e se aproxima do modo de existência dos objetos naturais[ii]. A artificialidade, para
ele, não é uma rivalidade com a natureza, mas diz respeito à independência do
objeto, como quando sai do laboratório para a fábrica. É a cultura técnica que
mostra o esquema de funcionamento dos objetos.
Evolução
da realidade técnica
Os objetos técnicos se direcionam por certa finalidade
que deve se adaptar ao meio técnico-geográfico em que se inserem. Ocorre
ocasionalmente a criação de um meio para esse objeto, que não é a humanização
da natureza, mas uma naturalização do homem que inventa esse meio
antecipadamente pela sua imaginação criadora.
A evolução técnica é análoga a de um ser vivo, mas por
uma tecnicidade que vai além de forma e matéria e capacidade de uso. Ela é a
essência do objeto, a concretização de seu esquema funcional. No artesão, a
tecnicidade está no homem e recentemente passa para a máquina que faz com que o
homem passe de indivíduo técnico para servente de máquinas.
Os
modos de relação do homem com o objeto técnico
Simondon vincula o homem à técnica, por um lado, no
que ele chama de estatuto de minoridade, do aprendiz que se torna artesão com
saber técnico implícito e, por outro, na vida adulta livre, o homem
(engenheiro) já tem consciência científica. Cindidas, na primeira o homem está
integrado à natureza em sociedades fechadas (commodities). Na segunda, se guia
pelo Enciclopedismo e o conhecimento racional universal. Para nosso autor,
deveria haver uma simbiose entre elas, ou seja, se tornar adulto progressivamente,
mas com uma formação universal.
Progresso,
cultura e filosofia
Mais do que valorar a tecnologia, Simondon trata do
progresso humano, entre aperfeiçoamento (p.ex., no século XVII) de utensílios e
angústia (p.ex., no século XIX) frente às máquinas que poderiam nos substituir.
Isso porque o homem se aliena por não entender a relação da máquina com o ser humano.
Esse problema só pode ser superado por uma cultura
tecnológica na qual o homem se familiariza com os esquemas de funcionamento das
máquinas. Como a relação humana com a natureza se dá pela tecnicidade então não
basta usar os objetos, é preciso compreendê-los como “portadores de informação”,
sua história, como resolveram problemas e como o homem foi estabelecendo uma
relação prática com o mundo.
[i] Conforme Cupani, Alberto. Filosofia
da tecnologia: um convite. 3. ed. - Florianópolis: Editora da UFSC, 2016.
Capítulo 2: Estudos Clássicos: Gilberto Simondon.
[ii] Embora o ser vivo seja concreto ab
initio e o objeto técnico nunca se complete.
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