O que queremos realmente nesse mundo?
Não há vivente que não tenha em si tal pergunta espalhada em sua vida, em sua
constituição. Esta pergunta está inscrita em nosso crescimento (biológico) e em
nossa sobrevivência. Mantemos a vida ou melhoramos a vida? É uma pergunta
que pode nos ajudar a clarificar os propósitos. Se buscarmos melhorar a vida,
isso pode significar que nos abrimos a possibilidades (e aqui podemos ver um
sentido positivo em uma retórica de competição). Se mantivermos a vida, vivemos
e isso é o suficiente. Viver não é um fardo, há uma potência dentro de nós.
Viver é potencializar.
Mas porque a distinção manter ou
melhorar? Falamos de abertura e colocamos nessa conta um mundo que chama para a
ação. Mas queremos pensar de forma diferente. Não podemos mais pensar em uma
interlocução com o mundo, porque o mundo é conceitual, vago e amorfo. E também
não podemos mais pensar a nossa vida como a vida de um ser autônomo, orgânico e
uno. Não somos um, somos choques, contatos, cruzamentos. Não sentimos de uma única
forma. Não sentimos via instruções que vêm e voltam de uma cabine de comando.
Manter é somente atualizar estados que perduram. Há uma economia aí. Manter é
cuidar para que certos limites não sejam ultrapassados. Melhorar é estar no
limite e tencioná-lo.
Muitas vezes nos enganamos, mas Sarah não
se enganou. Sarah sabia. Sarah queria. Mas Sarah era relegada, Sarah estava se relegando. Mas Sarah sabia de algo que ninguém sabia. Todos nós sabemos de algo
que ninguém sabe. Pobre Sarah: manter ou melhorar? Manter é bom, a gente segue
com nossos planos e projetos. Sarah sabia, mas se mantinha. Sarah aceitava. Mas
Sarah resolveu melhorar e se uniu. Sarah se uniu ao que não era seu. Sarah só, só
Sarah não poderia, mas Sarah e seu devir e um devir que não era seu, poderia.
Sarah e o devir besouro mostraram o que realmente queremos nesse mundo. Sarah multiplicou-se no limite, lá e cá, Sarah foi e ficou, Sarah é. É melhor com seu devir besouro.
* parodiando http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/especiais-diversos-besourinha com base na aula de Safatle sobre Mil Platôs, de agorinha pouco.
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