Teoria do Conhecimento. A pergunta socrática "O que é?" produz um
preenchimento metafísico, a Teoria das Formas. O que é a coragem? Não
conseguimos definir "a coragem", apenas coisas corajosas. O que é o
belo? Vejo um quadro belo, um dia belo, mas o que é o belo em si? A coragem em
si, o belo em si, é a forma, a ideia das quais as coisas sensíveis e individuais (homem
corajoso, pássaro belo) participam. Ou seja, cada qualidade que temos ou vemos
se origina a partir de uma forma (abstrata). Assim, Platão define o
conhecimento como aquele de formas abstratas e válidas universalmente. Não
importa o mundo sensível (esse que vemos), o que tem mais realidade são as
formas: Beleza, Coragem, Alegria, enfim: Bem. E como acessar esse mundo das
formas? Pela razão, não pelas emoções, sentimentos, etc.
Escatologia. O Bem é o sol, a forma que tudo ilumina. O que buscamos,
qual ideal teológico? Para Platão, a alma existe antes do corpo e só ela tem
acesso às formas. Uma vez a alma "encarnada", ela está poluída por
uma capa chamada corpo... Nossa busca na vida é para voltar à pureza da alma,
nos livrando de regalias e prazeres carnais. Devemos buscar uma
vida frugal e quanto mais conscienciosa, mais perto de Deus estaremos.
Antropologia. Nossa alma é composta por três partes, uma parte
apetitiva (ligada aos desejos), uma parte volitiva (ligada aos afetos e
paixões) e uma parte racional, que deveria ser a responsável por nos conduzir e nos orientar. Cada parte da alma tripartite está associada a uma virtude,
respectivamente, agradável, justa e sapiente, do que devemos nos guiar pela
justiça e conhecimento, expressando as virtudes da alma, em detrimento do vícios. Pelo mito da constituição das
raças, cada homem apresenta uma parte da alma mais intensa e a partir dessa
característica, ele deveria ocupar determinado lugar na vida social. Homens com
alma de bronze (parte apetitiva acentuada) seriam os agricultores porque
apresentariam a temperança; homens com alma de prata (volitiva) com senso de
justiça e coragem seriam os guerreiros, guardiões; os com alma de ouro
(racional) seriam os governantes, os filósofos que teriam acesso ao
conhecimento verdadeiro. O ideal do bem viver é viver em acordo com a sua
natureza e ocupar o lugar que lhe é devido na sociedade.
Política. Qual seria o tipo de governo proposto por Platão? Uma
aristocracia dos intelectuais - os filósofos que conhecem a verdade e podem
conduzir as demais classes sociais. O político é o homem racional e justo,
justiça sensata baseada no conhecimento em oposição à justiça pela força. Mas,
vale a verdade do filósofo que conhece, os demais não teriam capacidade
argumentativa para o debate: conhecimento para o filósofo, opinião para os
demais.
Educação. É com base nessa política, é para formar para esse modelo de sociedade que deve ser pensada a educação. Pelas disposições de cada criança se saberia
sua natureza e educação adequada. Os com alma de ouro teriam mais investimento
educacional. Se há uma natureza humana ela deve ser mantida e aperfeiçoada pela
educação. É uma educação de moldes, parte-se de modelos a serem
seguidos, forma-se para a criação de quadros. Modela-se corpo e alma. Purifica-se
a alma para atingir o conhecimento, para acessar o mundo das formas, das
ideias, o mundo real platônico.
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