Gostaríamos de explicitar dois condicionantes ou dois fatores que orientem ou permitam conduzir-nos em um viés de análise de comportamentos sociais.
O primeiro deles se enuncia da seguinte forma: nunca devemos sobrecarregar qualquer pessoa em uma situação em que ela está com o sistema, ou seja, se devemos apontar um culpado devemos sempre nos atentar para a ascendência do sistema sobre o cidadão comum. Isso não significa relevar sua responsabilidade, mas que em cada caso há que se averiguar quais possibilidades de ação ocorreriam levando-se em consideração a desvantagem inerente a essa correlação de forças. A influência do sistema é tal que certos casos somente podem ser analisados dada a correlação às vezes não declarada. A conclusão de modo algum significa omissão ou isenção de responsabilidades, mas sim uma análise coerente com uma época em que o sistema é tão abstrato e implacável que nos cerceia e conduz covardemente nossas ações.
O segundo ponto diz respeito à falta de informação ou dificuldade de acesso à informação, ou seja, o quanto nossa possível culpabilidade pode ser reconsiderada levando-se em conta que o sistema privilegia a competição. Nesse sentido, a informação que adquiro me serve, me orienta, isso é o bastante. Transmitir a informação vai além de nossas possibilidades e desejos, precisamos nos armar. Não está no estímulo sistêmico uma transferência aberta e irrestrita, não por desonestidade, mas por finalidade. Simplesmente porque não é do nosso feitio, é avesso às regras do jogo.
Assim sendo, os dois pontos concatenados, o primeiro proveniente de um marxismo embrionário e o segundo de uma vertente que privilegia liberdades individuais, sugerem que nossa abordagem ou julgamento de atitudes alheias deve estar bem embasado, deve se ajustar a cada situação.
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