Conhecimentos de Filosofia
Documento proposto pelo Ministério de Educação para orientar a
prática docente referente ao Ensino Médio e propor estratégias didáticas, além
da abordagem da relação ensino-aprendizagem. Fruto da reflexão e do estudo de
diversos atores da área de educação, em caráter multidisciplinar, o documento
serve como guia curricular que ajude na organização do trabalho pedagógico.
Essa resenha cobre os aspectos referentes aos conhecimentos de Filosofia,
passando pela sua identidade, os objetivos da filosofia no Ensino Médio, seus
conhecimentos, habilidades, conteúdo e metodologia.
Apesar da Filosofia ainda não ser obrigatória naquele momento, o
documento aspirava a ela esse caráter em virtude de problemas de teor
filosófico estar presentes nas pautas da sociedade, sejam referentes à ciência,
tecnologia, ética e política, entre outros. A longa ausência da Filosofia no
Ensino Médio, que ficou restrita a um conteúdo transversal, provoca um hiato de
consolidação da disciplina, desde a formação de professores a procedimentos
pedagógicos e recursos materiais e sem que seja refletido seu papel formador e
específico direcionado a esse nível de escolaridade. Revisando os PCN
anteriores, evitam-se nesse documento imposições doutrinárias ao mesmo tempo em
que deixa o professor livre para defender suas posições e orientação
filosófica, obviamente sem sufocar os alunos. Orientando-se por um novo quadro
institucional da disciplina em que os cursos de graduação e os profissionais
habilitados são submetidos à avaliação institucional que não distingue
bacharelado e licenciatura, além da portaria da licenciatura com elevadas horas
curriculares, o documento sintetiza os mais variados aspectos que tangem ao ensino
de filosofia no Ensino Médio.
Identidade da
Filosofia. O documento inicia com o questionamento a cerca da natureza da
Filosofia para correlacioná-la com o exercício da cidadania. Buscando fazer uma
“limpeza de terreno”, explicita-se que não há uma filosofia, mas uma
multiplicidade de perspectivas e possibilidades e um pensar filosófico – esse
sim deve ser unívoco. Assim, o agente que filosofa, parte de uma orientação
filosófica com a qual ele se identifica, na qual ele acredita que é aquela que
produz bons resultados e é aderente às suas convicções. A Filosofia é a ciência
do questionamento e da reflexão. Nesse sentido, é uma ciência que não é
tradicional, como as ciências tradicionais que se orientam pelos objetos
exteriores, mas visa analisar a forma como os objetos nos são dados. Como
pensamos os objetos, seja em seu sentido lógico, crítico, como condição de
conhecimento, seja a visão que temos dos objetos, que pode ser uma visão
parcial e, então, voltada para uma crítica social e ideológica. Porém, conforme
regula a legislação, a Filosofia não deve se restringir à cidadania, porque essa
orientação é geral para o Ensino Médio como um todo em suas disciplinas. A
filosofia não se restringe ao papel crítico e humano, mas, enquanto
possibilidade de criação de conceitos, de capacidades intelectuais de fala,
leitura e escrita, articulando a compreensão de textos e a reflexão racional e
embasada sobre temas contemporâneos com sua rica história que se confunde com a
própria Filosofia, com a própria história do pensamento.
Objetivos da
Filosofia no Ensino Médio. Com um foco diferenciado, a Filosofia deve se
ater menos ao ensino de conteúdos do que à capacidade de aquisição de
conhecimentos, de modo que o aluno aprenda a refletir sobre si e as informações
que lhes são oferecidas, assim formando um conhecimento mais duradouro, rico e
diversificado. Aliado ao conhecimento intelectual a Filosofia também se vale da
formação crítica e não somente técnica, que possibilita aquisição de competências
comunicativas e argumentativas e que aponta em direção à emancipação e
autonomia do sujeito.
Competências e
habilidades em Filosofia. Defende-se, não uma competência que prepare para
o mercado de trabalho, mas competências que permitam analisar um problema sobre
diferentes aspectos ou mesmo fazer uma aprofundamento das questões que o
problema levanta. Associada novamente à cidadania no que diz respeito às
competências comunicativas e cívicas, “é a contribuição mais importante da
Filosofia: fazer o estudante aceder a uma competência discursivo-filosófica” (OCN
2006, p. 30). Qual seja: capacidade racional de argumentação para concordar ou
não com pontos de vistas que permitam uma autonomia e exercício da cidadania,
aliada à capacidade de reflexão. E, valendo-se da tradição, que o aluno se
aposse de conteúdos provenientes da história da filosofia, pois, sem ela, não se
filosofa.
Conteúdos de Filosofia. O documento propõe uma lista de temas que perpassa a história da
filosofia, de acordo com o currículo mínimo de um curso de graduação. A
proposta é trabalhar o conceito ao invés de um amontoado de ideias a serem
decoradas, ao modo do saber enciclopédico.
Metodologia. Usar o texto
histórico e trabalhá-lo sob uma perspectiva filosófica, evitando-se cair na
doutrinação e promovendo o embasamento e o método de investigação filosófica.
Nesse contexto, valoriza-se o professor formado em filosofia que dê conta da
especificidade do seu conteúdo histórico e seja capaz de confrontá-lo com temas
atuais, para promover a reflexão dos alunos que estão no nível médio do ensino.
Dessa forma, a Filosofia pode atuar ativamente na formação do jovem e conversar
com as demais disciplinas, recuperando a sua excelência e importância no Ensino
Médio.
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