domingo, 22 de fevereiro de 2015

Intuição e Sensação

  Esse texto curto foi escrito por volta do fim do ano de 2013 (ou começo de 2014) e vem para o digital para ficar enquanto durar esse tipo de tecnologia e armazenamento.

  "A sensação é essa poeira que flana no ar. Uma camada CONTINGENTE, onde as coisas podem ser ou podem não ser. Aqui há espaço para o LIVRE-ARBÍTRIO, onde as decisões não são certas (satisfazer desejos).

  A intuição é o entendimento direto, imediato: intelectual. É o conhecimento das essências, conhecimento NECESSÁRIO. O conhecimento divino é somente intelectual. Aqui é onde reside a liberdade (viver segundo regras): agir sem restrição, sem forças externas atuando sobre nós.

  Mas o homem não é só isso, o homem é biológico e é psicológico, e por aí os conceitos se perdem..."

  Nos parece que a ideia naquele momento era tratar da liberdade e do livre-arbítrio, associando a primeira à sensação e o segundo à intuição. Percebe-se, também, que a sensação aparece ligada ao contingente e a intuição ligada ao necessário. Parece haver forte influência de Descartes, porque sua epistemologia aponta para o conhecimento intuitivo da razão como certo e seguro e o conhecimento pela sensação como sujeito a erro. Essa questão de liberdade e livre-arbítrio causa bastante dificuldade e vem sendo motivo de algumas reflexões desse blog. Aqui, sob a égide de Descartes, a liberdade é cada vez mais um conhecimento certo e seguro porque justamente evita uma decisão indiferente entre uma coisa e outra. Se estamos indiferentes em uma escolha nos falta a liberdade de poder escolher uma determinada coisa taxativamente, sem titubear. Por outro lado, o livre-arbítrio se daria em circunstâncias que não estariam tuteladas pela razão, mas seria indiferente e duvidoso.

  No que tange ao divino, perece haver falha de argumentação porque, em Descartes, a causa é o divino, então a liberdade estaria atrelada ao externo divino. Pode ser um embricamento com a liberdade kantiana, mas essa escorregadela não é relevante nesse contexto.

  Porém, o fim do texto curto aponta para características do homem quais outras que saem da esfera dos conceitos. Essa direção vai de encontro à metafísica cartesiana, buscando uma maior compatibilização com o mundo real. Talvez apontando para a superação da dualidade cartesiana, mas deixando em aberto como resolver esse problema, que envolve decisão, escolha, liberdade, livre-arbítrio, autonomia. Mas também envolve teoria e prática em um sentido kantiano. De fato, precisamos romper com a metafísica moderna para fazer um novo enquadramento da questão, evitando o anacronismo, ou tratar a questão naquele tempo e lugar. Precisamos tentar entender como esses conceitos evoluem para não ficarmos perdidos em mera opinião.

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