Esta reflexão passa por temas básicos do sistema
capitalista[i]
Falemos brevemente da teoria da mais valia
que procura mostrar que o lucro do patrão vem do trabalho do empregado e não de
outro meio. Isso ocorre porque a única forma de produzir um novo valor é por
meio do trabalho. No sistema capitalista o patrão é dono dos meios de produção:
das máquinas, ferramentas e instalações e esse é um tipo de despesa que ele
tem. Porém, máquinas, energia elétrica e matérias primas não se transformam em
produtos “ex abrupto”, elas precisam da força de trabalho, constituindo-se essa
uma segunda despesa do patrão. Ocorre que a base do sistema capitalista é o
lucro, isto é, a acumulação de capital e ele não pode se originar de uma
despesa que seja artificialmente elevada porque dessa forma ela seria repassada
a outro capitalista, que compra o produto e que, depois, também precisaria gerar
um novo lucro pela subida artificial de preços e assim sucessivamente. Ora,
nesse processo, não se gera valor. O valor é gerado quando o patrão paga ao
trabalhador menos do que ele poderia receber e abocanha esse valor que se
caracteriza como lucro, que se serve para que ele possa investir na expansão de
seu negócio ou especular.
É o valor do trabalho, a mais-valia que
não é originada como se poderia pensar da compra e venda de mercadorias acima
de seu valor e nem do simples investimento em meios de produção. A mais-valia é
o valor excedente gerado pelo trabalho de um operário que não é a ele pago na
forma de salário, isto é, ele vende sua força de trabalho por um valor inferior
ao que ela vale. Há um capital constante, o das primeiras despesas, que sempre
é repassado, mas há o capital variável, do trabalho humano que, este sim, cria
valor. E o trabalhador não recebe pelo valor que ele cria, mas pelo valor necessário
para reproduzir sua força de trabalho.
Acontece que essa não é uma situação “natural”,
muito ao contrário, ela antagoniza patrões e empregados, já que cada qual tem
um objetivo diferente. Mas ela se oculta na ideologia dominante, ou seja, na
circulação de ideias que visam esconder que, por exemplo, uma pessoa é pobre
não porque é explorada, mas porque é preguiçosa e não gosta de trabalhar, assim
naturalizando-se a desigualdade e desencorajando a luta por melhores condições.
A ideologia surge como norma que institui o ordenamento vigente como natural e
faz com que se imponham os valores da classe dominante. O ordenamento vigente,
como o capitalista, surge então como uma realidade que deve ser seguida e obedecida,
quando na verdade é um constructo histórico e social.
Como não poderia deixar de ser diferente,
a mídia é grande propagador da ideologia dominante, já que forjada no berço dos
grandes capitalistas e utiliza a propaganda ideológica para mostrar uma
realidade que se apresenta neutra, mas que é na maioria das vezes é tirada de
seu contexto ou vista sob certos ângulos. Nesse sentido é uma arma filosófica questionar
essas supostas “verdades” que visam encobrir a crítica.
Ponto fundamental é a alienação que ocorre
porque o resultado do trabalho não fica de posse do trabalhador, mas é
transferido ao patrão. O trabalhador mal tem condições de determinar o valor de
salário, seu horário de trabalho e condições. Ele se integra e uma linha de
produção como mais uma peça e mais se aliena porque não consegue enxergar o
todo do processo e cumpre as tarefas pelas quais é delegado. Se é pelo trabalho
que o homem passa a se desenvolver e transformar a natureza pelo seu pensar e agir,
no capitalismo o trabalho se torna um instrumento de subserviência e exploração,
se torna uma mercadoria.
Não podemos nos esquecer de que a
ideologia também se perpetua na moral que rege a ordem vigente capitalista que
condiciona valores e normas criando leis favorecem o interesse burguês na
medida em que passa a falsa ideia de que todos são iguais quando na verdade e ela
que acentua desigualdades. É uma moral hipócrita que serve ao individualismo
burguês.
Mas é tomando pé dessa situação que podemos
refletir e procurar agir dentro da liberdade que nos é possível dadas as condições
sociais e históricas numa luta contra a dominação e alienação. Importante frisar
que, se parece que o mundo é determinado, como é dito pela ciência, a consciência
do homem é uma causa que permite mudar a essa determinação, é fonte de escolha.
Entretanto, não é uma liberdade individual, ao contrário, ela visa a emancipação
humana se desgarrando das condições econômicas que impinge perda de liberdade. Uma
ação que vise o interesse coletivo e que promova melhorias efetivas no sistema
de desequilíbrio.
[i] Com base no capítulo 3 (https://aprendamais.mec.gov.br/course/view.php?id=1945)
de “Filosofia I - Turma 2025A” – Plataforma Aprender Mais, acessado em 19 de
junho de 2025. Também com ajuda de pesquisas aleatórias na internet.
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