domingo, 22 de junho de 2025

Origem capitalista

Esta reflexão passa por temas básicos do sistema capitalista[i]

Falemos brevemente da teoria da mais valia que procura mostrar que o lucro do patrão vem do trabalho do empregado e não de outro meio. Isso ocorre porque a única forma de produzir um novo valor é por meio do trabalho. No sistema capitalista o patrão é dono dos meios de produção: das máquinas, ferramentas e instalações e esse é um tipo de despesa que ele tem. Porém, máquinas, energia elétrica e matérias primas não se transformam em produtos “ex abrupto”, elas precisam da força de trabalho, constituindo-se essa uma segunda despesa do patrão. Ocorre que a base do sistema capitalista é o lucro, isto é, a acumulação de capital e ele não pode se originar de uma despesa que seja artificialmente elevada porque dessa forma ela seria repassada a outro capitalista, que compra o produto e que, depois, também precisaria gerar um novo lucro pela subida artificial de preços e assim sucessivamente. Ora, nesse processo, não se gera valor. O valor é gerado quando o patrão paga ao trabalhador menos do que ele poderia receber e abocanha esse valor que se caracteriza como lucro, que se serve para que ele possa investir na expansão de seu negócio ou especular.

É o valor do trabalho, a mais-valia que não é originada como se poderia pensar da compra e venda de mercadorias acima de seu valor e nem do simples investimento em meios de produção. A mais-valia é o valor excedente gerado pelo trabalho de um operário que não é a ele pago na forma de salário, isto é, ele vende sua força de trabalho por um valor inferior ao que ela vale. Há um capital constante, o das primeiras despesas, que sempre é repassado, mas há o capital variável, do trabalho humano que, este sim, cria valor. E o trabalhador não recebe pelo valor que ele cria, mas pelo valor necessário para reproduzir sua força de trabalho.

Acontece que essa não é uma situação “natural”, muito ao contrário, ela antagoniza patrões e empregados, já que cada qual tem um objetivo diferente. Mas ela se oculta na ideologia dominante, ou seja, na circulação de ideias que visam esconder que, por exemplo, uma pessoa é pobre não porque é explorada, mas porque é preguiçosa e não gosta de trabalhar, assim naturalizando-se a desigualdade e desencorajando a luta por melhores condições. A ideologia surge como norma que institui o ordenamento vigente como natural e faz com que se imponham os valores da classe dominante. O ordenamento vigente, como o capitalista, surge então como uma realidade que deve ser seguida e obedecida, quando na verdade é um constructo histórico e social.

Como não poderia deixar de ser diferente, a mídia é grande propagador da ideologia dominante, já que forjada no berço dos grandes capitalistas e utiliza a propaganda ideológica para mostrar uma realidade que se apresenta neutra, mas que é na maioria das vezes é tirada de seu contexto ou vista sob certos ângulos. Nesse sentido é uma arma filosófica questionar essas supostas “verdades” que visam encobrir a crítica.

Ponto fundamental é a alienação que ocorre porque o resultado do trabalho não fica de posse do trabalhador, mas é transferido ao patrão. O trabalhador mal tem condições de determinar o valor de salário, seu horário de trabalho e condições. Ele se integra e uma linha de produção como mais uma peça e mais se aliena porque não consegue enxergar o todo do processo e cumpre as tarefas pelas quais é delegado. Se é pelo trabalho que o homem passa a se desenvolver e transformar a natureza pelo seu pensar e agir, no capitalismo o trabalho se torna um instrumento de subserviência e exploração, se torna uma mercadoria.

Não podemos nos esquecer de que a ideologia também se perpetua na moral que rege a ordem vigente capitalista que condiciona valores e normas criando leis favorecem o interesse burguês na medida em que passa a falsa ideia de que todos são iguais quando na verdade e ela que acentua desigualdades. É uma moral hipócrita que serve ao individualismo burguês.

Mas é tomando pé dessa situação que podemos refletir e procurar agir dentro da liberdade que nos é possível dadas as condições sociais e históricas numa luta contra a dominação e alienação. Importante frisar que, se parece que o mundo é determinado, como é dito pela ciência, a consciência do homem é uma causa que permite mudar a essa determinação, é fonte de escolha. Entretanto, não é uma liberdade individual, ao contrário, ela visa a emancipação humana se desgarrando das condições econômicas que impinge perda de liberdade. Uma ação que vise o interesse coletivo e que promova melhorias efetivas no sistema de desequilíbrio.



[i] Com base no capítulo 3 (https://aprendamais.mec.gov.br/course/view.php?id=1945) de “Filosofia I - Turma 2025A” – Plataforma Aprender Mais, acessado em 19 de junho de 2025. Também com ajuda de pesquisas aleatórias na internet.

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