quinta-feira, 18 de junho de 2020

Livre direito de manifestação

Sim, temos que falar disso pois, embora pareça óbvio, não é consenso, não é garantido. Estava eu aqui a refletir sobre a epígrafe: “livre direito” ou “direito livre” e me lembrei de Sílvio de Almeida tratando de junção semelhante entre direito = justiça e filosofia = verdade. Ou seja, ele enfatizaria que justiça e verdade antagonizam, mormente quando juntas.
Pois bem, escolhemos livre antes de direito por acreditar que mais vale a liberdade do que a justiça. Isso por que a justiça sempre falhará, mesmo que de olhos vendados. Porém, liberdade não tem referencial. Essas palavras: Justiça, Verdade, Liberdade, Homem, etc., elas não existem, de fato, já diriam certos céticos ou nominalistas. Contudo, não há como evitá-las no discurso, afinal e tão somente elas têm essa função.
Então, "livre direito de manifestação", aqui e agora, não se refere à política de uma maneira mais ampla. Nem mesmo juridicamente, de fato. "Livre direito de manifestação" é tão somente podermos dizer algo. E, sim, é muito difícil dizermos algo porque há todo um aparato estabelecido para nos intimidar, seja ele claro ou latente. Além disso, há o emprego!
Sendo seres sociais, temos que trabalhar, não há outro jeito; a mãe natureza nos dá em estado bruto e temos que produzir. Nesse sentido, as forças se canalizam na função do cumprimento e caímos na heteronomia. Palavra esquisita, não é? Heteronomia não passa do oposto de autonomia e, autonomia, é o direito à livre manifestação.
Veja: autonomia é. Heteronomia, seu oposto. E sim, agora que falamos de autonomia, falamos do direito à livre manifestação e, falamos porque formalizamos. Mas, antes de formalizar, o que entristece, decepciona, é não poder livremente exercer a autonomia [plenamente] por estarmos em um estado ou ciclo evolutivo e ancestral atual de impasse.
Descumprir as regras, quebrar os grilhões, gritar! Falar, pensar, ler, ouvir, refletir, escrever, desenhar, aroeirar, etc. Tudo isso nos é roubado diariamente, seja pela fonte pagadora (porque demanda, não porque censura, voila), seja pela norma coercitiva. Precisamos passar a limpo tudo isso para nos tornarmos homens ou continuarmos rastejando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário