Sim,
temos que falar disso pois, embora pareça óbvio, não é consenso, não é
garantido. Estava eu aqui a refletir sobre a epígrafe: “livre direito” ou “direito
livre” e me lembrei de Sílvio de Almeida tratando de junção semelhante entre
direito = justiça e filosofia = verdade. Ou seja, ele enfatizaria que justiça e
verdade antagonizam, mormente quando juntas.
Pois
bem, escolhemos livre antes de direito por acreditar que mais vale a liberdade do
que a justiça. Isso por que a justiça sempre falhará, mesmo que de olhos
vendados. Porém, liberdade não tem referencial. Essas palavras: Justiça,
Verdade, Liberdade, Homem, etc., elas não existem, de fato, já diriam certos
céticos ou nominalistas. Contudo, não há como evitá-las no discurso, afinal e tão
somente elas têm essa função.
Então, "livre direito de manifestação", aqui e agora, não se refere à política de uma
maneira mais ampla. Nem mesmo juridicamente, de fato. "Livre direito de
manifestação" é tão somente podermos dizer algo. E, sim,
é muito difícil dizermos algo porque há todo um aparato estabelecido para nos
intimidar, seja ele claro ou latente. Além disso, há o emprego!
Sendo
seres sociais, temos que trabalhar, não há outro jeito; a mãe natureza
nos dá em estado bruto e temos que produzir. Nesse sentido, as forças se
canalizam na função do cumprimento e caímos na heteronomia. Palavra esquisita,
não é? Heteronomia não passa do oposto de autonomia e, autonomia, é o
direito à livre manifestação.
Veja:
autonomia é. Heteronomia, seu oposto. E sim, agora que falamos de autonomia, falamos do direito à livre manifestação e, falamos porque formalizamos. Mas,
antes de formalizar, o que entristece, decepciona, é não poder livremente exercer a autonomia [plenamente] por estarmos em um estado ou ciclo evolutivo e ancestral atual de impasse.
Descumprir
as regras, quebrar os grilhões, gritar! Falar, pensar, ler, ouvir, refletir,
escrever, desenhar, aroeirar, etc. Tudo isso nos é roubado diariamente, seja
pela fonte pagadora (porque demanda, não porque censura, voila), seja pela norma coercitiva. Precisamos passar a limpo tudo
isso para nos tornarmos homens ou continuarmos rastejando.
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