Imagem abrilsuperinteressante |
O
peso da dúvida é a mola-mestra de nossa existência, seja na relação com o mundo
ou com as outras pessoas. Por mais que interroguemos o outro, por mais
elementos comportamentais e psicológicos que nos seja possível extrair de alguém,
jamais saberemos ao certo se eles são verdadeiros, não por uma questão moral ou
ética, mas pelo simples fato do conhecimento, do véu que encobre nossa visão e embaralha a interpretação do mundo. Diante disso, tal relação deve ser, senão relevada,
minimizada. Sabendo disso, temos uma régua para nos medir e medir os outros e,
a partir daí, viver.
Já a relação com o mundo começa quando começamos, quando nos deparamos com a vida
e terminará quando menos se espera. Essa é a única relação certa enquanto
vivemos ou enquanto haja mundo para vivermos. Entretanto, jamais conseguiremos
entender ao certo porque estamos aqui, como viemos parar nessa capa humana e
qual a força que nos move. Eis a dúvida.
Nesse oceano de ilusões e elucubrações, a ciência nos auxilia com o que é possível conhecer, de fato. Ela explica o fato.
Conhecemos pela ciência algo que não conhecemos pelos nossos esquálidos sentidos
individuais, mas que se desenvolvem pela exploração colaborativa de nossa espécie.
A filosofia nos auxilia com possibilidades de conhecimento teóricas, nuances
não disponíveis ao instrumental científico e que nos permite especular além do
dado. Ela é, sem dúvida, um grande contingencial para interpelar a dúvida. Por fim, a religião
nos permite superar qualquer abordagem especulativa e conceitual e subir ao transcendental,
território de exploração ilimitada, de valores incomensuráveis aonde impera a superstição.
Temos
armas para lutar contra a dúvida, sejam científicas, filosóficas ou religiosas.
Elas podem ser escolhidas e combinadas a nosso bel prazer, a depender dos incômodos
de cada tempo, das adversidades. Renegá-la, jamais. Naturalizá-la, tampouco. E nem
mesmo derrotá-la, mas alimentá-la como fogo fátuo nessa efêmera, porém única e
incansável existência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário