sábado, 2 de agosto de 2014

Dinheiro

Será que sabemos o valor que o dinheiro tem? Certamente sabemos que é um valor de equivalência e esse valor é subjetivo.

Pois, para quem tem muito, o dinheiro traz conforto. E para quem quase não tem, o dinheiro é sobrevivência.

Admiro mais o mendigo do que o rico. Porque o mendigo pede dinheiro, mas o dinheiro recebido é rapidamente trocado por alguma coisa necessária: seja um prato de comida, uma pedra de crack ou uma dose de pinga. O dinheiro do rico não é troca: é conforto, excedente. Esse dinheiro COMPRA.

Admiro mais o mendigo porque seu cheiro é cheiro de animal, seus pensamentos são imediatos. O mendigo que dorme na rua vê o mundo como ele é. Ele não tem propriedade, ele vive. Sua existência é sempre uma realização, ele não pode parar. Ele não escreve e quase não lê, não produz porque produzir é criar algo PARA alguém. Mas produzir algo PARA alguém é produzir algo para QUE alguém conosco se comprometa.

O cheiro do rico é de sabonete ou de perfume, não é um cheiro natural. Ele se aflige porque não conhece o mundo e precisa GUARDAR seu dinheiro ou mesmo perpetuá-lo. Sua sobrevivência se projeta no GANHAR dinheiro, ele TEM que trabalhar. E produz para si, para os seus, para que a prole continue sua espécie.

Admiro o mendigo porque tenho dinheiro e não posso imaginar o que seria de mim e de minha vida sem dinheiro e, talvez portanto, sem projeto e sem futuro, sem nenhuma pegada, nenhum rastro. Admiro o mendigo porque ele é livre. Livre do dinheiro.

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