Esse
texto visa localizar o método socrático[i]
A maiêutica é o método socrático pelo qual
há parturição do conhecimento. No Teeteto, Euclides conta a Terpsion que
fez anotações da conversa entre Sócrates e Teeteto e que as revisou algumas
vezes com o primeiro para que pudesse ter um texto acabado. Depois dessa introdução, ele pede a um “pequeno
escravo” que o leia.
O diálogo começa com Teodoro apresentando
Teeteto a Sócrates, falando sobre sua “procedência” e qualidades e, inclusive,
Teodoro destaca a semelhança física entre Sócrates e Teeteto, ambos feios no seu
ponto de vista e por quem não se apaixonaria. Daí em diante, entra-se na
discussão técnica, e Sócrates passa a falar com o Teeteto questionando-o a respeito
do que é o conhecimento. Teeteto elenca coisas que seriam conhecimento, como a
geometria (ensinada por Teodoro) e a sapataria, ambos tipos de arte. Porém,
Sócrates rechaça essa abordagem porque Teeteto falava sobre algo a que o
conhecimento pertence e pela resposta ser cheia de rodeios.
Uma outra abordagem de Teeteto é tratar de
termos para nomear coisas matemáticas, mas para o conhecimento ele tem
dificuldades, do que solicita Sócrates: “empenha-te em designar as múltiplas
formas do conhecimento por meio de uma única definição” (p. 65). É nesse ponto
que Teeteto cita sua preocupação em responder as questões levantadas por Sócrates
e quando ele compara as preocupações de Teeteto com as dores do parto. Sócrates
alude a Fenarete – robusta parteira, dizendo-se filho dela e que pratica a
mesma arte das parteiras, que normalmente são mulheres velhas que já tiveram a
experiência do parto, mas não podem mais ter filhos pela idade avançada. Tal costume teria sido herdado
de Ártemis, deusa estéril, por vê-las em situação semelhante.
Ressaltando a importância das parteiras,
Sócrates faz a seguinte ressalva:
“Contudo, o
trabalho delas é menos importante do que o meu, pois as mulheres não dão à luz,
numa oportunidade crianças reais e, em outra, meras imagens que são difíceis de
distinguir do real, como meus pacientes.” (p. 68)
Notemos que Sócrates busca 1.) pela definição
e 2.) pela verdade. Mas Sócrates diz-se estéril em matéria de conhecimento,
como um parteiro que nunca deu à luz.
Entretanto, do mesmo jeito que faz as dores aparecem também as fazem cessar, por seu
método maiêutico. Ora, Teeteto está grávido e o diálogo agora deverá buscar uma
forma de parir o conhecimento. Mas isso são cenas dos próximos capítulos.
[i] Notas sobre o diálogo Teeteto (ou do Conhecimento). PLATÃO. Diálogos I – Teeteto, Sofista, Protágoras. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2007.
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