Documento de Briefing:
Análise Comparativa da Moral Kantiana e Schopenhaueriana[i]
Introdução
Este documento tem como objetivo
apresentar uma análise comparativa das filosofias morais de Immanuel Kant e
Arthur Schopenhauer, baseada no texto "De Kant a Schopenhauer: a fundação
da moral passa da razão ao caráter". O artigo explora a crítica de
Schopenhauer à ética kantiana, mostrando a transição da fundamentação da moral
da razão para o caráter.
A Moral Kantiana. Uma
Fundamentação Racional e Autônoma
Razão como Fundamento.
Kant estabelece uma moral baseada na razão, anterior a qualquer experiência
sensível. Essa moral é autônoma, livre e se manifesta através do imperativo
categórico.
Vontade Boa.
A ação moral, para Kant, deve ser guiada por uma "vontade boa" que é
um fim em si mesmo e não busca a felicidade como objetivo primário. A
felicidade é uma consequência da ação moral, não sua motivação.
Imperativo Categórico.
A moral kantiana é regida pelo imperativo categórico, uma lei prática
incondicional que ordena a vontade e que tem validade universal. "A
representação de um princípio objetivo, enquanto obrigante para uma vontade,
chama-se um mandamento (da razão), e a fórmula do mandamento chama-se Imperativo."
(Fundamentação, p. 48)
Liberdade Transcendental e Prática.
Kant distingue entre liberdade transcendental (conceito especulativo) e
liberdade prática (independência da coerção sensível). A liberdade prática é
fundamentada pela liberdade transcendental que permite a autonomia moral.
Reino dos Fins.
A ideia de um "reino dos fins" representa um estado ideal onde seres
racionais, legisladores e governantes, agem de acordo com o princípio da
autonomia da vontade.
Sumo Bem. Conceito da
Segunda Crítica que liga virtude e felicidade, onde a virtude é a dignidade de
ser feliz.
A Crítica de Schopenhauer à Moral Kantiana.
Egoísmo e Caráter.
Rejeição da Razão Pura
como Fundamento. Schopenhauer critica a ideia de uma
moral racional a priori, argumentando que a ação humana é motivada por uma
vontade egoísta, determinada pelo nosso caráter.
Imperativo Categórico
como Construção Vazia. Schopenhauer considera o imperativo
categórico kantiano uma "proposição vazia", sem sustentação real, e o
vê como um processo de pensamento puramente lógico e não um princípio moral.
Crítica ao Conceito de
Dever. Schopenhauer questiona a noção de "dever"
kantiano, argumentando que, sem a expectativa de recompensa ou punição, o dever
seria um conceito vazio. Assim, o dever é uma contradictio in adjecto
porque só faria sentido sustentado por uma recompensa ou ameaçado por um
castigo.
Prioridade do Egoísmo.
Para Schopenhauer, o egoísmo é a principal força motivadora da ação humana, e a
moral kantiana, ao ignorar essa realidade, não tem base empírica. Mais do que
isso, em detrimento da racionalidade da lei, é o egoísmo que impera em nossas
ações.
O Caráter como Base da
Moral. Schopenhauer afirma que nossas ações são fruto do
nosso caráter, que só se revela pela experiência, e não de leis ou princípios
racionais.
Vontade como Núcleo
Metafísico[ii].
Schopenhauer recupera o a priori para fundamentar a vontade como a base da
moral, como sendo a própria coisa em si.
Razão Secundária.
Schopenhauer considera a razão secundária em relação à vontade. A razão serve
para a comunicação entre seres racionais, mas a vontade é o núcleo da ação.
Comparação e Contraste
Aspecto
|
Kant
|
Schopenhauer |
Fundamento
da Moral |
Razão
pura, a priori, imperativo categórico |
Vontade,
caráter, egoísmo, motivos empíricos |
Liberdade
|
Transcendental
(especulativa) e prática (autonomia da vontade) |
Livre-arbítrio
é uma ilusão; a ação é determinada pelo caráter |
Dever
|
Essencial,
incondicionado, agir por respeito à lei moral |
Conceito
vazio sem recompensa ou punição; ligado a coerção |
Motivação
|
Razão,
lei universal, respeito à lei moral |
Egoísmo,
motivos empíricos, busca pelo bem-estar |
Papel
da Razão |
Primária,
legisladora, orienta a ação moral |
Secundária,
serve para comunicação e compreensão do mundo, não para determinar a ação
moral |
Natureza
Humana |
Seres
racionais capazes de agir de acordo com a lei moral; dualidade sensível e
inteligível |
Determinados
por sua vontade egoísta e caráter; razão como ferramenta de comunicação e não
guia moral |
Metodologia
|
Parte
do saber comum, passa pelo campo filosófico para construir a razão prática |
Parte
da crítica à moral Kantiana para fundamentar sua própria moral |
Conclusão
O artigo demonstra como Schopenhauer radicalmente se opõe à moral kantiana. Enquanto Kant busca uma fundamentação racional, universal e autônoma da moral, Schopenhauer aterrissa essa discussão na realidade concreta do egoísmo e da vontade que, para ele, são as forças motrizes da ação humana. A ética de Schopenhauer não é racional, mas sim baseada na experiência e no caráter individual. Essa crítica de Schopenhauer à filosofia de Kant marca uma mudança significativa na história do pensamento ético, deslocando o foco da razão para a vontade e o caráter como elementos centrais da ação moral.
[i] Resumo
fornecido pelo NotebookLM da dissertação final da disciplina de FILOSOFIA GERAL
IV, relativo ao 1º Semestre de 2016 e ministrada pelo Prof. Eduardo Brandão. NotebookLM (Google NotebookLM) is a research and
note-taking online tool developed by Google Labs that uses artificial
intelligence (AI), specifically Google Gemini, to assist users in interacting
with their documents. It can generate summaries, explanations, and answers
based on content uploaded by users. It also includes "Audio
Overviews", which summarizes documents in a conversational, podcast-like
format. The team building the product includes popular science author Steven
Johnson and product manager Raiza Martin. (https://en.wikipedia.org/wiki/NotebookLM).
Ementa: https://drive.google.com/file/d/111cO0WCz6DT8yvZMjQB-norPdu2y9Lln/view?usp=drive_link.
Dissertação: https://drive.google.com/file/d/14UMwBCb_aQnx0_qE3F8eGHGQrjJFD5jh/view?usp=drive_link.
[ii] Aqui necessita aprofundamento. A vontade é a força motriz fundamental e metafísica da existência, um impulso cego e irracional que determina nossas ações e que o egoísmo, determinado pelo nosso caráter e não por leis morais racionais, é a principal lei de motivação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário