quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

De Kant a Schopenhauer: a fundação da moral passa da razão ao caráter

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Documento de Briefing: Análise Comparativa da Moral Kantiana e Schopenhaueriana[i]

Introdução

Este documento tem como objetivo apresentar uma análise comparativa das filosofias morais de Immanuel Kant e Arthur Schopenhauer, baseada no texto "De Kant a Schopenhauer: a fundação da moral passa da razão ao caráter". O artigo explora a crítica de Schopenhauer à ética kantiana, mostrando a transição da fundamentação da moral da razão para o caráter.

A Moral Kantiana. Uma Fundamentação Racional e Autônoma

Razão como Fundamento. Kant estabelece uma moral baseada na razão, anterior a qualquer experiência sensível. Essa moral é autônoma, livre e se manifesta através do imperativo categórico.

Vontade Boa. A ação moral, para Kant, deve ser guiada por uma "vontade boa" que é um fim em si mesmo e não busca a felicidade como objetivo primário. A felicidade é uma consequência da ação moral, não sua motivação.

Imperativo Categórico. A moral kantiana é regida pelo imperativo categórico, uma lei prática incondicional que ordena a vontade e que tem validade universal. "A representação de um princípio objetivo, enquanto obrigante para uma vontade, chama-se um mandamento (da razão), e a fórmula do mandamento chama-se Imperativo." (Fundamentação, p. 48)

Liberdade Transcendental e Prática. Kant distingue entre liberdade transcendental (conceito especulativo) e liberdade prática (independência da coerção sensível). A liberdade prática é fundamentada pela liberdade transcendental que permite a autonomia moral.

Reino dos Fins. A ideia de um "reino dos fins" representa um estado ideal onde seres racionais, legisladores e governantes, agem de acordo com o princípio da autonomia da vontade.

Sumo Bem. Conceito da Segunda Crítica que liga virtude e felicidade, onde a virtude é a dignidade de ser feliz.

A Crítica de Schopenhauer à Moral Kantiana. Egoísmo e Caráter.

Rejeição da Razão Pura como Fundamento. Schopenhauer critica a ideia de uma moral racional a priori, argumentando que a ação humana é motivada por uma vontade egoísta, determinada pelo nosso caráter.

Imperativo Categórico como Construção Vazia. Schopenhauer considera o imperativo categórico kantiano uma "proposição vazia", sem sustentação real, e o vê como um processo de pensamento puramente lógico e não um princípio moral.

Crítica ao Conceito de Dever. Schopenhauer questiona a noção de "dever" kantiano, argumentando que, sem a expectativa de recompensa ou punição, o dever seria um conceito vazio. Assim, o dever é uma contradictio in adjecto porque só faria sentido sustentado por uma recompensa ou ameaçado por um castigo.

Prioridade do Egoísmo. Para Schopenhauer, o egoísmo é a principal força motivadora da ação humana, e a moral kantiana, ao ignorar essa realidade, não tem base empírica. Mais do que isso, em detrimento da racionalidade da lei, é o egoísmo que impera em nossas ações.

O Caráter como Base da Moral. Schopenhauer afirma que nossas ações são fruto do nosso caráter, que só se revela pela experiência, e não de leis ou princípios racionais.

Vontade como Núcleo Metafísico[ii]. Schopenhauer recupera o a priori para fundamentar a vontade como a base da moral, como sendo a própria coisa em si.

Razão Secundária. Schopenhauer considera a razão secundária em relação à vontade. A razão serve para a comunicação entre seres racionais, mas a vontade é o núcleo da ação.

Comparação e Contraste

Aspecto

Kant

 Schopenhauer

Fundamento da Moral

Razão pura, a priori, imperativo categórico

Vontade, caráter, egoísmo, motivos empíricos

Liberdade

Transcendental (especulativa) e prática (autonomia da vontade)

Livre-arbítrio é uma ilusão; a ação é determinada pelo caráter

Dever

Essencial, incondicionado, agir por respeito à lei moral

Conceito vazio sem recompensa ou punição; ligado a coerção

Motivação

Razão, lei universal, respeito à lei moral

Egoísmo, motivos empíricos, busca pelo bem-estar

Papel da Razão

Primária, legisladora, orienta a ação moral

Secundária, serve para comunicação e compreensão do mundo, não para determinar a ação moral

Natureza Humana

Seres racionais capazes de agir de acordo com a lei moral; dualidade sensível e inteligível

Determinados por sua vontade egoísta e caráter; razão como ferramenta de comunicação e não guia moral

Metodologia

Parte do saber comum, passa pelo campo filosófico para construir a razão prática

Parte da crítica à moral Kantiana para fundamentar sua própria moral

 

Conclusão

O artigo demonstra como Schopenhauer radicalmente se opõe à moral kantiana. Enquanto Kant busca uma fundamentação racional, universal e autônoma da moral, Schopenhauer aterrissa essa discussão na realidade concreta do egoísmo e da vontade que, para ele, são as forças motrizes da ação humana. A ética de Schopenhauer não é racional, mas sim baseada na experiência e no caráter individual. Essa crítica de Schopenhauer à filosofia de Kant marca uma mudança significativa na história do pensamento ético, deslocando o foco da razão para a vontade e o caráter como elementos centrais da ação moral. 



[i] Resumo fornecido pelo NotebookLM da dissertação final da disciplina de FILOSOFIA GERAL IV, relativo ao 1º Semestre de 2016 e ministrada pelo Prof. Eduardo Brandão. NotebookLM (Google NotebookLM) is a research and note-taking online tool developed by Google Labs that uses artificial intelligence (AI), specifically Google Gemini, to assist users in interacting with their documents. It can generate summaries, explanations, and answers based on content uploaded by users. It also includes "Audio Overviews", which summarizes documents in a conversational, podcast-like format. The team building the product includes popular science author Steven Johnson and product manager Raiza Martin. (https://en.wikipedia.org/wiki/NotebookLM). Ementa: https://drive.google.com/file/d/111cO0WCz6DT8yvZMjQB-norPdu2y9Lln/view?usp=drive_link. Dissertação: https://drive.google.com/file/d/14UMwBCb_aQnx0_qE3F8eGHGQrjJFD5jh/view?usp=drive_link.

[ii] Aqui necessita aprofundamento. A vontade é a força motriz fundamental e metafísica da existência, um impulso cego e irracional que determina nossas ações e que o egoísmo, determinado pelo nosso caráter e não por leis morais racionais, é a principal lei de motivação. 

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