Nossas investigações se encontram em uma
situação na qual há uma linguagem que é usada para nos comunicarmos, mas não
sabemos ao certo o que é compreendido nas interações entre falantes e ouvintes.
Na base dessa linguagem há termos que devem ser entendidos pelos envolvidos,
isto é, há termos com significado e eles se combinam para formar frases e
períodos maiores que expressam grandes pensamentos.
Porém, o fato de haver significado em um
termo ou em expressões linguísticas não quer dizer que, para cada um deles, o
significado é único ou que ele é interpretado da mesma forma pelos emissores e
receptores, isto é, pelos participantes de uma conversa ou aqueles a ela
associados.
Nós podemos, então, caracterizar uma
conversa como um recorte de uso da linguagem por aqueles que estão a ela
associados. A conversa se dá pela interação entre os associados e,
fundamentalmente, por um contexto compartilhado, porque se não há esse
contexto no qual todos se inserem, já se pode considerar que o elo
interpretativo está quebrado.
Delimitando esses elementos principais: a
conversa, o contexto e os associados, ao pensarmos em uma ordem de precedência
entre eles já poderíamos contribuir com uma possibilidade de esclarecimento da
viabilidade da comunicação no que tange à compreensão[i]. Mas, saber esses
elementos são suficientes é ponto para verificação.
De toda forma, o significado é condição sine
qua non para a compreensão, mas a mola mostra é saber até que ponto ele
deve estar fixado. O significado pode se confundir como uma “entidade”
que emerge da conversa, como se referindo a algo ou como basicamente uma coisa
inerente à própria linguagem.
É aqui que nossa análise dá um salto:
partirmos das condições pelas quais uma comunicação ocorre, que é a união de
associados em torno de conversa que tem um contexto, para que possamos
investigar de que modo a compreensão se dá, como o significado é entendido. E
delimitamos os três caminhos citados acima.
De fato, não são três, mas dois caminhos:
um que o significado é “algo”, outro que o significado se confunde com a
própria linguagem, com as regras de uso da linguagem. Podemos chamar a primeira
abordagem de metafísica por ter que tratar do algo, já a segunda é a abordagem
gramatical de Wittgenstein, sendo que ela é fortemente dependente do contexto,
mas muito dinâmica e, de acordo com Kripke, não garantidor.
Nós queremos fazer uma análise da
linguagem que não caia em armadilhas metafísicas e concordar com Wittgenstein
na análise dos usos da linguagem; o que algo significa é dado por seu uso e
fortemente marcado pelo contexto. Ocorre que Kripke pontua que o contexto não
pode garantir o uso porque, dada a variância do contexto, haveria uma “livre
interpretação” do significado.
Aí haveria uma dificuldade de concordância
e voltamos ao princípio. Embora essa flexibilidade não seja de todo ruim. Por
outro lado, um mínimo de explicabilidade é importante para resolver as disputas,
mesmo aquelas da vida ordinária.
[i] Sobre esses termos, em 19 de maio de 24 o ChatGPT-4o nos responde assim: “Comunicação é o processo de transmitir informações, ideias ou sentimentos entre pessoas. Compreensão é o entendimento ou a interpretação correta dessas informações, ideias ou sentimentos recebidos. Em resumo, comunicar é enviar uma mensagem; compreender é decodificar e entender essa mensagem.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário