Não é necessário que uma vida tenha sentido, porém, para uma vida criada nos desígnios religiosos, tal esclarecimento é suscitado. A teleologia de uma vida semeada no seio cristão traz a proeminência de uma justificativa que possibilite argumentação externa e convencimento próprio.
Pois bem, o etos da religião cristã dá
sentido à vida terrena, visto que há uma vida além desta cujo direito de ser
vivida deve ser conquistado. O rumo que essa vida deve tomar vem da bíblia, seja
diretamente pelo crente ou via um sacerdote ou instituição que a traduz.
O cristão é formado em tais preceitos e
não existe brecha para contestação. A religião é artigo de fé. Em um estado
laico, como o Brasil, há poucas opções e as instituições salvaguardam a
supremacia religiosa. Tentativas de escape não são bem vindas.
Porém, casos de emancipação podem ocorrer,
muito embora não haja garantia de certeza. Mas, se temos que procurar algo em
que nos guiarmos em uma vida agnóstica, talvez a melhor saída seja a orientação
ética. A incredulidade, quando acomete, seja religiosa ou um ceticismo filosófico, não pode
nos relegar a uma falta de norte.
A saída ética que pode nos guiar é
individual e coletiva. É a ética do que defendemos para nós e através da qual
engajamos os demais, nossos coirmãos. Pode ser uma ética ecológica, inclusiva, pansexual,
socialista, pluralista ou emancipatória. Contudo, não importa, não há valores
predefinidos, a construção se da sobre o que nos afeta, o que nos oprime ou
liberta.
Mais do que se definir, precisamos delimitar o que deve ser evitado: a aposta na superstição e o compromisso com a evangelização, males maiores da religião. Se não temos que negar a finalidade da vida, muito menos temos que nos preocupar com a finalidade que cada um toma para sua vida, por mais que o diálogo seja sempre recomendado, senão estimulado.
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