Acreditamos
que tem que haver sempre uma meta, algo a ser cumprido. Uma vez estabelecida,
as ações para que ela se efetive são organizadas e inicia-se o processo. Com o
processo em curso, as coisas tendem a se adaptar: há arranhões aqui e acolá e
muito do previsto não é feito 100% como se queria ou deveria, porém evolui-se. Há metas curtas,
mas há metas longas, que levam anos. Há metas mais planejadas e metas que vão
acontecendo por acaso. É verdade que uma meta pode interferir em outra, na
maioria das vezes positivamente. Também é verdade que as metas nos fazem mudar
de comportamento, quase sempre para melhor (ou não, pode ser mera ilusão).
O
fato de haver metas a serem cumpridas não significa que não se possa viver de
outro jeito, apenas indica que elas forçosamente nos levam a sair da zona de
conforto. E elas não precisam ser muito concretas, pode haver metas de uma vida
inteira como, por exemplo, viver ousadamente, viver precavidamente, etc. Entretanto,
ações são sempre necessárias para manter a chama acesa. Enquanto a meta não se completa
a luz amarela de alarme está sempre piscando para lembrarmos que sim, ela está
lá, muito embora uma meta possa ser alterada em curso ou mesmo cancelada, terminada
por falta de recursos porque sua função foi desacreditada ou porque novas metas
se sobrepuseram a ela.
Posto
isso, fica a pergunta: o que fazer quando uma meta é atingida e acaba
satisfatoriamente? Seguindo nossa linha de raciocínio, não se pode negar que
uma nova meta precisa ser estabelecida. É sabido que existem metas que já vêm
com a nova estabelecida, o que pode levar a se pensar em um falso problema
de que a meta só estaria concluída se o seu futuro complemento fosse concluído.
É aqui que a palavrinha mágica “pós” ganha destaque com o que podemos
classificar de dupla acepção: por um lado, positivamente, significando acréscimo
ou melhora e por outro, negativamente, como sendo algo que se arrasta para além
do que se previa. Veja-se o caso de pós-graduação como sendo algo que se soma à
graduação e pós-modernismo, na estética, trazendo a discussão se a contemporaneidade é
um mero apêndice do modernismo, esse sim, determinante.
De
qualquer forma, há sempre o fim de
uma meta e uma nova a ser deflagrada – uma pós-meta, que pode ser continuidade
ou recomeço. Eleger a forma que isso se dá é nossa responsabilidade perante o
que foi construído com a meta anterior e de que maneira influenciará nossa vida
atualmente. Artimanhas podem ser providenciais, como trabalhar com pequenas metas ou se dar ao luxo de um ano sabático, mas elas hão de nos confrontar em algum momento. Recorrer ao que já deu certo pode ajudar, porém nada impede que um caminho totalmente novo possa ser escolhido. A ressalva que fica é não se deixar levar pelo momento, pela falta de meta, pelo anti entusiasmo. Objetivos cumpridos nos pertencem mas são carta fora do baralho no momento da pós meta e ela não pode ser um vazio porque o vazio é lugar onde as mais imprevisíveis situações podem tomar o nosso lugar de decisão.
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