A questão do movimento ou da
mudança é um problema antigo que preocupa a filosofia desde os pré-socráticos.
Heráclito acreditava que a natureza era mudança: do quente ao frio, do duro ao
mole, etc. No mesmo rio banhamos e não banhamos... É ou não é o mesmo rio? Não
é a mesma água ou será que a água do rio um dia volta a passar nele novamente?
A passos largos nos movemos na história da filosofia e o Filósofo postulou uma ciência da mudança (a física), mas, se mesmo a sua ontologia abrangia os
seres móveis, tudo era "atraído" pelo primeiro motor, imóvel!!
De fato, a modernidade se fechou no cogito e na racionalidade pela linha de Kant e mesmo os empiristas ingleses se apoiaram em ideias que não pareciam tão
susceptíveis ao movimento... Mas é Husserl que correlaciona a alteridade da
experiência com a subjetividade. Visando ir além do mundo como um dado objetivo
explorado nas suas dimensões espaço temporais pela matemática, o visar é o
mundo da vida como polo inesgotável da experiência. Mas não é essa a tarefa do
fenomenólogo, mas a de, pela epoché,
tomar esse mundo pré-dado como mero fenômeno, nos seus modos de doação para uma
consciência subjetiva.
A subjetividade se move na
percepção do mundo, constituindo-o. Se o ego é um agora da percepção, esse
agora abrange um passado como a intencionalidade daquele momento e um futuro
que se abre para a vivência que acompanha o fenômeno. Cada vivência subjetiva delimita o objeto e o mundo e o ego passa e fica, como o outro polo. Esse encontro da subjetividade com o mundo fenomenológico é um aprofundamento para além das formas da sensibilidade, mas é contrário à psicologia. A fenomenologia é a descrição de tais modos de doação e tentaremos verificar como se pode assumir tal tarefa.
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