sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Movimento filosófico

A questão do movimento ou da mudança é um problema antigo que preocupa a filosofia desde os pré-socráticos. Heráclito acreditava que a natureza era mudança: do quente ao frio, do duro ao mole, etc. No mesmo rio banhamos e não banhamos... É ou não é o mesmo rio? Não é a mesma água ou será que a água do rio um dia volta a passar nele novamente? A passos largos nos movemos na história da filosofia e o Filósofo postulou uma ciência da mudança (a física), mas, se mesmo a sua ontologia abrangia os seres móveis, tudo era "atraído" pelo primeiro motor, imóvel!!
De fato, a modernidade se fechou no cogito e na racionalidade pela linha de Kant e mesmo os empiristas ingleses se apoiaram em ideias que não pareciam tão susceptíveis ao movimento... Mas é Husserl que correlaciona a alteridade da experiência com a subjetividade. Visando ir além do mundo como um dado objetivo explorado nas suas dimensões espaço temporais pela matemática, o visar é o mundo da vida como polo inesgotável da experiência. Mas não é essa a tarefa do fenomenólogo, mas a de, pela epoché, tomar esse mundo pré-dado como mero fenômeno, nos seus modos de doação para uma consciência subjetiva.
A subjetividade se move na percepção do mundo, constituindo-o. Se o ego é um agora da percepção, esse agora abrange um passado como a intencionalidade daquele momento e um futuro que se abre para a vivência que acompanha o fenômeno. Cada vivência subjetiva delimita o objeto e o mundo e o ego passa e fica, como o outro polo. Esse encontro da subjetividade com o mundo fenomenológico é um aprofundamento para além das formas da sensibilidade, mas é contrário à psicologia. A fenomenologia é a descrição de tais modos de doação e tentaremos verificar como se pode assumir tal tarefa.

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