É
uma linha muito tênue a que separa o estar no mundo ou não. Tal como nos é
possível conhecer, esse nosso corpo é finito e, com ele, nossa vida. Só há
mundo para uma consciência, portanto, só podemos ter certeza que só há mundo
para o homem. O mundo, tal como o conhecemos, só existe para nós, humanos. Seja
como uma palavra, seja como um conceito abstrato, de qualquer forma, há uma formulação
humana que nos afasta do “mundo da vida” concreto, real, de fato. Essa mesma consciência
que não conhece o mundo real cria para si um mundo imaginário, mas também se
estabelece na intersubjetividade: ela é a nossa marca. Então, o mundo é diverso
para cada um, mas é o mesmo para uma consciência.
Se
já lá como for, a consciência constitui o mundo e dá um significado a ele. Mais
do que isso, a consciência se aplica um projeto porque ela é reflexiva. Percebendo-se,
a consciência realiza o presente a partir de uma fresta do passado e se lança
no futuro. Esse movimento faz dela e, consequentemente, do corpo, de nós, um
projeto e se nos impõe uma finalidade artificial. A consciência que não conhece
o mundo real se move por finalidades artificiais: isso somos. Enquanto consciência
desperta, agimos e interagimos. Enquanto consciência desperta e reflexiva nos
lançamos no nosso mundo que tem como
pano de fundo o “mundo da vida”, inacessível, mas ao qual pertencemos.
Do
mesmo modo, só há tempo para uma consciência e ela, temporalizando-se e
refletindo, estabelece pequenas finalidades artificiais face há uma finalidade
maior que é base para todas elas: o estar-vivendo. Jamais poderemos
negar o estar vivendo porque, negando-o, não estaremos vivendo e não haverá consciência
e nem corpo, mundo e tempo. Estar-vivendo como finalidade maior permite a
intersubjetividade, o projeto e as pequenas finalidades do dia a dia. O tempo
que a consciência cria mede-se em ciclos e um está por terminar: o ano de 2016
d.C., conforme a contagem adotada por aqui no Brasil. Para o “mundo da vida”, concreto e real, isso não faz a menor diferença, mas para o nosso mundo novas
finalidades advêm: feliz 2017!
* De uma perspectiva fenomenológico-existencialista.
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