sábado, 10 de janeiro de 2015

Je suis Charlie?

O assassinato dos jornalistas franceses toma conta da mídia e do debate, tamanho foi o impacto causado (conforme Leonardo Boff, a estratégia do terrorismo é essa de dominar mentes). O êxito dos matadores pode ser visto em vídeos e fotos: sinal de um tempo em que o filme é ao vivo, mas quem morre não é o personagem. Ou é? Teriam os humoristas se tornado reféns do seu trabalho? De fato, as revistas ficaram sujas de sangue...

Muitas das análises que circulam pela mídia não dão conta de uma tomada de posição: prega-se a liberdade de expressão, mas com cautela. Contudo, para os cartunistas, esse paradoxo não existia: era liberdade radical. Era guerra. E o inimigo a ser morto é um morto muito vivo: o profeta Maomé (nesse caso, pois nada se poupava no humor praticado por eles). Se as imagens e os símbolos são poderosos na religião, não menos eram os desenhos destemidos que visavam desconstruir aquele imaginário.

Lá, na França, Sartre formulou uma liberdade responsável que termina quando começa a do outro. Mas Charlie prefere a liberdade extrema que foi abalada por extremistas. Nem muito ao céu, nem muito à terra, para nós, simples mortais. Para Charlie, sua luta não foi em vão: descobre o véu de uma falsa globalização, de um ocidente que não reina e teme.

De nossa parte, entendemos que a liberdade de informação é fundamental. Informação para escolher, decidir de que lado estamos. Sem informação ficamos a mercê de meias coisas, meias verdades. A liberdade de opinião é primordial para que cada um coloque suas ideias e fale abertamente sobre o que bem entender. Mas a contradição do humor incomoda... É para rir ou para chorar? Até que ponto deve chegar um tipo de humor que agride e desafia crenças e verdades individuais?

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