terça-feira, 4 de novembro de 2014

Corrupção


    Tem se ouvido muito ultimamente, principalmente associado aos governos Lula e Dilma, um discurso contra a corrupção, discurso esse que atinge níveis elevados de indignação e intolerância. Mas, o que é a corrupção?

    Uma busca rápida do significado esclarece que é o ato ou efeito de se corromper, levar vantagem em negociatas prejudicando outrem. Trocando em miúdos, é o que você, eu, todos nós fazemos ao longo de nossa vida algumas vezes, em qualquer fofoca ou conversa de bastidor, seja no trabalho ou em casa. Qualquer uso do discurso ou tentativa de convencimento baseados em segundas intenções, visando deturpar a realidade dos fatos a partir de pontos de vista subjetivos. Tentativas de burlar o fisco, infração consciente de lei trânsito, aquisição de produtos piratas, etc., em quaisquer dessas práticas nos corrompemos e aumentamos a massa corrompida. Alterar o valor do recibo de reembolso da empresa, comprar ingresso de meia entrada ilegalmente, etc. são práticas corruptíveis, em que nos beneficiamos e adquirimos algum tipo de vantagem, mas são práticas comuns na sociedade.

    Apesar de prática corriqueira, o discurso oposicionista contra a corrupção impera e sobressai. Obviamente, a corrupção, principalmente na coisa pública, não é aceitável, deve ser combatida, denunciada e investigada. Mas esse não deve ser um tema maior, quando relacionado a temas como saúde, educação, programas sociais, parcerias comerciais do país, dentre tantos outros. O discurso contra a corrupção é conservador porque é negativo e não visa o diálogo, porque não visa agregar ideias novas; é um discurso combativo, mas estático. Mas o que estaria por trás desse discurso?

    A corrupção é um tema que aparece, que expressa um sentimento escondido. Essa expressão visa apelar para a moral de cada um, mas esse discurso é antiético em sua base e fundamento, porque 1) quem julga também é criminoso, ou seja, corrompe e é corrompido; 2) a grande queixa é: o que estão fazendo com o meu dinheiro? A corrupção incomoda moralmente mas, mais e principalmente financeiramente, na medida em que se questiona o desvio de dinheiro pago por cada cidadão. Em última análise é o dinheiro que está por detrás do discurso. O valor manifesto por uma palavra de ordem chamada corrupção esconde uma causa que potencializa a luta de classes.

    Em um país onde boa parte da população vive na linha de pobreza e não sabe o que é trabalho, salário e imposto, tal discurso é vazio. E é isso que esse discurso esconde: a indignação de parte (rica e mesquinha, e honesta??) da população, que na verdade está muito mais preocupada com o seu capital e propriedade; ao invés de um confronto de ideias prefere o conforto ideal. Tal discurso visa responsabilizar o atual governo como único responsável por tal comportamento distorcido e é usado como bandeira política, discurso usado mesmo por quem sabe muito bem que a corrupção afeta todos os partidos e toda a sociedade. Ele é um mantra: achamos um culpado e nos isentamos; repetindo a palavra de ordem, nele acreditamos. A elite, e boa parte da classe média candidata a rica, se escondem por trás desse discurso de fachada, evitando o diálogo e se tornando subserviente à ideologia de dominação; cada vez mais distante da reflexão. Não mexa no meu dinheiro, fora Dilma, fora PT!!

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