Como atalhos mentais podem afetar a tomada de decisão[i]
MacKay define heurísticas como sendo
alguns atalhos mentais que nosso cérebro desenvolveu para lidar com a enorme
quantidade de informações que nos chega e que podem ser caracterizadas como
atalhos mentais que fazem com que tomemos decisões através deles nos fazendo
crer que estamos agindo com a mente desimpedida quando na verdade deveríamos
estar buscando um processo cognitivo mais amplo. Dentre esses atalhos que nos
impedem de atingir todo o nosso potencial, o autor destaca alguns vieses
cognitivos que vamos examinar.
O viés de confirmação é uma tendência que
nossa mente tem de tratar as informações de forma que confirme nossas
percepções e crenças pré-existente e não de modo que as negue, e isso faz parte
da natureza humana[ii].
Desse modo, parece que somos racionais e não tendenciosos, quando na realidade
estamos somente replicando uma rotina sem nos questionar sobre o que estamos
fazendo e por quê.
O viés de ancoramento[iii] se fia nas informações
que recebemos primeiro, isto é, nossa mente trabalha de forma relativa e não
objetiva. Isso pode explicar, por exemplo, o caso de estereotipar as pessoas
que conhecemos já que confiamos nas primeiras impressões, ou na âncora que
agarra nosso ponto de vista. Isso mostra que a primeira mensagem é sempre muito
influenciadora.
O viés de conformidade vai na linha de escolher
conforme as massas, mesmo que contra nosso juízo, conforme citação: “O oposto
da coragem não é a covardia, é a conformidade. Até um peixe morto consegue
seguir junto com o fluxo.”[iv] É o famoso pensamento de
manada que suprime opiniões, fazendo com que nos autocensuremos e bloqueemos
nossa criatividade individual.
O viés do sobrevivente faz com que olhemos
para as pessoas que se sobressaem sem prestar atenção nos que não aparecem. Porém
é uma minoria extrema que é bem-sucedida e uma fórmula de sucesso é único,
dificilmente replicável.
A aversão à perda aparece depois que já
escolhemos um caminho e mostra que evitamos perdas mais do que focamos em
ganhos potenciais, isto é, somos avessos ao risco por medo de perder o que já
temos.
MacKay conclui ressaltando que os vieses
cognitivos são essenciais para o funcionamento do cérebro, mas que os
compreender lança luz sobre processos decisórios. E deixa algumas perguntas que
tentam nos livrar das viseiras e da conveniência cognitiva: “Por que acredito
que é assim ou assado?”; “Quais são os argumentos contrários a minha opinião?
Serão eles válidos?”; “Quem está influenciando minhas crenças?”; “Estou
seguindo o pensamento do grupo porque realmente acredito nele?”; “O que poderei
perder se fizer essa decisão? O que poderei ganhar?”
[i] Conforme https://papodehomem.com.br/os-vieses-cognitivos-que-estao-acabando-com-seu-poder-de-decisao/,
acessado em 3 de setembro de 25: “Os vieses cognitivos que estão acabando com
seu poder de decisão”.
[ii] Conforme a referência https://explorable.com/confirmation-bias,
Confirmation Bias. No processo de descobrir um enigma, insistimos em
seguir as nossas regras ao invés de, finalmente, descobrir a regra.
[iii]
The weird science behind first impressions: https://thenextweb.com/news/weird-science-first-impressions.
Nem todas as nossas decisões
são racionais já que, quase sempre, as tomamos rapidamente ou até
inconscientemente (cognição rápida). É o fatiamento fino, um conceito do livro
Blink de Malcolm Gladwel e que pode ser oriundo de uma série de situações nas
quais temos que ficar alertas. É um tipo de atalho mental que faz com que
gostemos ou não de algo em segundos, mesmo sem julgamento racional ou
consciente, conforme citação de Daniel Kahneman. Somos influenciados pelo que já
conhecemos ao invés de nos abrirmos para novos fatos e tendemos a ignorar novas
informações sobre as pessoas que estamos conhecendo, reforçando nosso julgamento
enviesado. MacKay cita um estudo de Harvard que mostra que somos influenciados
por traços faciais quando conhecemos novas pessoas e como é importante nos
preparamos para causar uma boa impressão. Por exemplo, há um viés cognitivo causado
pelo “efeito halo”, qual seja, parecermos amigáveis em um primeiro encontro faz
com que nos abramos para os outros. Por outro lado, saber antecipadamente do
que uma pessoa gosta pode nos ajudar a criar conexões ou nos reconectarmos com
algum desafeto. Por fim, ser um bom ouvinte pode ajudar a conquistar amizades.
[iv] De Jim Hightower, (https://en.wikipedia.org/wiki/Jim_Hightower), nascido em 11 de janeiro de 1943 é um colunista sindicalizado americano, ativista político progressista e autor
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