sábado, 6 de setembro de 2025

Sobre viseiras

Como atalhos mentais podem afetar a tomada de decisão[i]

MacKay define heurísticas como sendo alguns atalhos mentais que nosso cérebro desenvolveu para lidar com a enorme quantidade de informações que nos chega e que podem ser caracterizadas como atalhos mentais que fazem com que tomemos decisões através deles nos fazendo crer que estamos agindo com a mente desimpedida quando na verdade deveríamos estar buscando um processo cognitivo mais amplo. Dentre esses atalhos que nos impedem de atingir todo o nosso potencial, o autor destaca alguns vieses cognitivos que vamos examinar.

O viés de confirmação é uma tendência que nossa mente tem de tratar as informações de forma que confirme nossas percepções e crenças pré-existente e não de modo que as negue, e isso faz parte da natureza humana[ii]. Desse modo, parece que somos racionais e não tendenciosos, quando na realidade estamos somente replicando uma rotina sem nos questionar sobre o que estamos fazendo e por quê.

O viés de ancoramento[iii] se fia nas informações que recebemos primeiro, isto é, nossa mente trabalha de forma relativa e não objetiva. Isso pode explicar, por exemplo, o caso de estereotipar as pessoas que conhecemos já que confiamos nas primeiras impressões, ou na âncora que agarra nosso ponto de vista. Isso mostra que a primeira mensagem é sempre muito influenciadora.

O viés de conformidade vai na linha de escolher conforme as massas, mesmo que contra nosso juízo, conforme citação: “O oposto da coragem não é a covardia, é a conformidade. Até um peixe morto consegue seguir junto com o fluxo.”[iv] É o famoso pensamento de manada que suprime opiniões, fazendo com que nos autocensuremos e bloqueemos nossa criatividade individual.

O viés do sobrevivente faz com que olhemos para as pessoas que se sobressaem sem prestar atenção nos que não aparecem. Porém é uma minoria extrema que é bem-sucedida e uma fórmula de sucesso é único, dificilmente replicável.

A aversão à perda aparece depois que já escolhemos um caminho e mostra que evitamos perdas mais do que focamos em ganhos potenciais, isto é, somos avessos ao risco por medo de perder o que já temos.

MacKay conclui ressaltando que os vieses cognitivos são essenciais para o funcionamento do cérebro, mas que os compreender lança luz sobre processos decisórios. E deixa algumas perguntas que tentam nos livrar das viseiras e da conveniência cognitiva: “Por que acredito que é assim ou assado?”; “Quais são os argumentos contrários a minha opinião? Serão eles válidos?”; “Quem está influenciando minhas crenças?”; “Estou seguindo o pensamento do grupo porque realmente acredito nele?”; “O que poderei perder se fizer essa decisão? O que poderei ganhar?”



[i] Conforme https://papodehomem.com.br/os-vieses-cognitivos-que-estao-acabando-com-seu-poder-de-decisao/, acessado em 3 de setembro de 25: “Os vieses cognitivos que estão acabando com seu poder de decisão”.

[ii] Conforme a referência https://explorable.com/confirmation-bias, Confirmation Bias. No processo de descobrir um enigma, insistimos em seguir as nossas regras ao invés de, finalmente, descobrir a regra.

[iii] The weird science behind first impressions: https://thenextweb.com/news/weird-science-first-impressions. Nem todas as nossas decisões são racionais já que, quase sempre, as tomamos rapidamente ou até inconscientemente (cognição rápida). É o fatiamento fino, um conceito do livro Blink de Malcolm Gladwel e que pode ser oriundo de uma série de situações nas quais temos que ficar alertas. É um tipo de atalho mental que faz com que gostemos ou não de algo em segundos, mesmo sem julgamento racional ou consciente, conforme citação de Daniel Kahneman. Somos influenciados pelo que já conhecemos ao invés de nos abrirmos para novos fatos e tendemos a ignorar novas informações sobre as pessoas que estamos conhecendo, reforçando nosso julgamento enviesado. MacKay cita um estudo de Harvard que mostra que somos influenciados por traços faciais quando conhecemos novas pessoas e como é importante nos preparamos para causar uma boa impressão. Por exemplo, há um viés cognitivo causado pelo “efeito halo”, qual seja, parecermos amigáveis em um primeiro encontro faz com que nos abramos para os outros. Por outro lado, saber antecipadamente do que uma pessoa gosta pode nos ajudar a criar conexões ou nos reconectarmos com algum desafeto. Por fim, ser um bom ouvinte pode ajudar a conquistar amizades.

[iv] De Jim Hightower, (https://en.wikipedia.org/wiki/Jim_Hightower), nascido em 11 de janeiro de 1943 é um colunista sindicalizado americano, ativista político progressista e autor 

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