Panorama da sociedade capitalista[i]
Sabemos que as sociedades se desenvolveram
historicamente até chegarmos aos nossos dias quando predomina o sistema
capitalista que se perpetua no avanço tecnológico e divisão do trabalho. Ocorre
que nas sociedades primitivas os seres humanos se associavam em busca de sobrevivência,
porém na sociedade capitalista na qual há busca de riqueza, o valor primordial
é do interesse individual e do enriquecimento privado.
Nesse cenário o bem coletivo deixa de ser perseguido
e se transforma em uma luta pela apropriação de recursos ainda que concentrado
na mão de poucos. Por outro lado, a globalização produz histórias semelhantes ao
redor do mundo já que integra a vida social e econômica em um mercado mundial e
correlaciona, por exemplo, o produtor de arroz brasileiro com o chinês, nessa balança
produtiva.
Da mesma forma, o desenvolvimento global impacta
o desenvolvimento local, o avanço tecnológico tal como o que ocorre na medicina
pode atingir a todos, com a ressalva fundamental de que os com mais poder
aquisitivo se beneficiam mais. Além do que todo o poder da produção global poderia
resultar em mais tempo livre para o trabalhador, mas esse trabalha cada vez
mais para aumentar o lucro individual da burguesia. Resulta que essa sociedade cindiu
a conexão entre o indivíduo e a coletividade.
Grande parte do lucro é estimulado pelo
consumo e, na sociedade capitalista, o consumismo vira um fim em si mesmo, para
além das reais necessidades e estimulado pela propaganda que nos aguça a cada
vez possuirmos mais coisas e coisas que logo vencem[ii] e precisam ser trocadas, gerando
novas necessidades de consumo. Marca dessa sociedade consumista são os shopping
centers e os supermercados, nesses últimos o consumidor tem o contato direto
com a mercadoria e reduz custos de venda do capitalista.
O consumo desenfreado leva a produção de bens
não duráveis competindo com produtos de primeira necessidade que não chegam
para todos, há desperdício e hábitos de consumo pouco saudáveis que trazem
grandes impactos ambientais que são sentidos em catástrofes que atingem os mais
pobres.
Uma arma poderosa e essencial para a
burguesia é o Estado que aparece como coisa pública separada da sociedade civil
e central para a democracia, já que os governantes são eleitos pelo voto. Porém,
ele é uma ilusão sendo usado para perpetuar as desigualdades. Se a ordem
política visa igualar trabalhadores e operários, ela esconde a diferença de
poderio econômico e chancela a desigualdade social. Com a ajuda da ideologia
dominante, a democracia faz parecer que a sociedade é harmônica e igualitária, com
garantia de direitos.
O Estado, então, assevera a ordem vigente e
a exploração por meio de um aparato legal e jurídico de dominação. E, em casos
extremos, sabemos que as democracias se transformam em ditadura a serviço da
burguesia. É entendendo as limitações desse sistema político da sociedade contemporânea
que podemos perceber que não há garantias de justiça social, que há uma crise
de representatividade e que deveríamos pensar em novas formas de participação popular.
Isso posto, não é só da produção de objetos
que as sociedades se desenvolvem, mas pela arte podem se expressar e se
relacionar com o belo por meio da imaginação e criatividade. Entretanto, a
produção artística não é isolada, ela está inserida na história e cultura,
dentro de um contexto social. Ela também medeia entre o estado de natureza e o
estado de produção intelectual manifestando ideias e sentimentos.
Mas também pode possuir vínculos ideológicos
servindo a interesses e escondendo a verdadeira realidade, como quando a burguesia
se apodera da cultura popular e determina o que pode ser ou não classificado
como arte. Contudo é, sem dúvida, uma dimensão essencial do ser humano e o que
possibilita a compreender melhor o mundo e a sociedade.
[i] Com base em: https://aprendamais.mec.gov.br/course/view.php?id=1945#section-4,
“4 Filosofia e sociedade” – Plataforma Aprenda Mais.
[ii] Em https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2021/07/catalogo-de-autores-da-filosofia-da.html, Gunther Anders e Arnold Gehlen tratam da obsolescência.