sábado, 5 de julho de 2025

Filosofia e sociedade

Panorama da sociedade capitalista[i]

Sabemos que as sociedades se desenvolveram historicamente até chegarmos aos nossos dias quando predomina o sistema capitalista que se perpetua no avanço tecnológico e divisão do trabalho. Ocorre que nas sociedades primitivas os seres humanos se associavam em busca de sobrevivência, porém na sociedade capitalista na qual há busca de riqueza, o valor primordial é do interesse individual e do enriquecimento privado.

Nesse cenário o bem coletivo deixa de ser perseguido e se transforma em uma luta pela apropriação de recursos ainda que concentrado na mão de poucos. Por outro lado, a globalização produz histórias semelhantes ao redor do mundo já que integra a vida social e econômica em um mercado mundial e correlaciona, por exemplo, o produtor de arroz brasileiro com o chinês, nessa balança produtiva.

Da mesma forma, o desenvolvimento global impacta o desenvolvimento local, o avanço tecnológico tal como o que ocorre na medicina pode atingir a todos, com a ressalva fundamental de que os com mais poder aquisitivo se beneficiam mais. Além do que todo o poder da produção global poderia resultar em mais tempo livre para o trabalhador, mas esse trabalha cada vez mais para aumentar o lucro individual da burguesia. Resulta que essa sociedade cindiu a conexão entre o indivíduo e a coletividade.

Grande parte do lucro é estimulado pelo consumo e, na sociedade capitalista, o consumismo vira um fim em si mesmo, para além das reais necessidades e estimulado pela propaganda que nos aguça a cada vez possuirmos mais coisas e coisas que logo vencem[ii] e precisam ser trocadas, gerando novas necessidades de consumo. Marca dessa sociedade consumista são os shopping centers e os supermercados, nesses últimos o consumidor tem o contato direto com a mercadoria e reduz custos de venda do capitalista.

O consumo desenfreado leva a produção de bens não duráveis competindo com produtos de primeira necessidade que não chegam para todos, há desperdício e hábitos de consumo pouco saudáveis que trazem grandes impactos ambientais que são sentidos em catástrofes que atingem os mais pobres.

Uma arma poderosa e essencial para a burguesia é o Estado que aparece como coisa pública separada da sociedade civil e central para a democracia, já que os governantes são eleitos pelo voto. Porém, ele é uma ilusão sendo usado para perpetuar as desigualdades. Se a ordem política visa igualar trabalhadores e operários, ela esconde a diferença de poderio econômico e chancela a desigualdade social. Com a ajuda da ideologia dominante, a democracia faz parecer que a sociedade é harmônica e igualitária, com garantia de direitos.

O Estado, então, assevera a ordem vigente e a exploração por meio de um aparato legal e jurídico de dominação. E, em casos extremos, sabemos que as democracias se transformam em ditadura a serviço da burguesia. É entendendo as limitações desse sistema político da sociedade contemporânea que podemos perceber que não há garantias de justiça social, que há uma crise de representatividade e que deveríamos pensar em novas formas de participação popular.

Isso posto, não é só da produção de objetos que as sociedades se desenvolvem, mas pela arte podem se expressar e se relacionar com o belo por meio da imaginação e criatividade. Entretanto, a produção artística não é isolada, ela está inserida na história e cultura, dentro de um contexto social. Ela também medeia entre o estado de natureza e o estado de produção intelectual manifestando ideias e sentimentos.

Mas também pode possuir vínculos ideológicos servindo a interesses e escondendo a verdadeira realidade, como quando a burguesia se apodera da cultura popular e determina o que pode ser ou não classificado como arte. Contudo é, sem dúvida, uma dimensão essencial do ser humano e o que possibilita a compreender melhor o mundo e a sociedade.



[i] Com base em: https://aprendamais.mec.gov.br/course/view.php?id=1945#section-4, “4 Filosofia e sociedade” – Plataforma Aprenda Mais.

[ii] Em https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2021/07/catalogo-de-autores-da-filosofia-da.html, Gunther Anders e Arnold Gehlen tratam da obsolescência.