Aborda a superfície de dois temas controversos: a
representação mental da realidade e a sua correspondência com o mundo[i]
O primeiro ponto que gostaríamos de tocar é o da representação, quando tida como esboço mental da realidade. É mais ou menos como
se fosse uma mente vazia que aponta para fora (Sartre) ou uma mente que espelha
o mundo (Descartes, Kant), com os segundos valorizando uma concepção egóica. Ao
tratar do conteúdo semântico das proposições, Costa defende o espelhamento dos dados do mundo com a consciência pensando, por meio dos dados-dos-sentidos.[ii] O mais interessante é que
ele o faz trazendo evidências científicas de exames de imagem do cérebro (BOLD fMRI)[iii]. Ora, seria possível
mapear os “sense-data” em nosso cérebro e são os seus conteúdos semânticos que são por
nós partilhados com os demais por analogia, evitando-se também, assim, o solipsismo.
A correspondência, algo também deveras
controverso, marca muito essa relação linguagem-mundo, mente-linguagem-mundo e,
nesse contexto, Costa defende os fatos como “os fazedores-de-verdade universais”.
Em linha com Frege-Strawson e em oposição a Austin, Costa concorda com a correlação
entre um pensamento e um fato e, nesse sentido, enfatiza o status ontológico do
fato, pois é ele que é a referência do conteúdo empírico. Aqui dizemos: por
mais que haja um sentido que é comunicado e entendido na teoria de Frege, o seu
conteúdo só tem valor de verdade se corresponde a algo no mundo.
É a alusão que Costa faz a uma teoria
correspondencial da verdade, ou seja, um conteúdo cognitivo, um pensamento verdadeiro
se ancora em um fato empírico, que é uma situação ou estado de coisa cuja descrição
começa com uma cláusula-que, conforme definição de Strawson. Por exemplo, o
fato de que “o seu estado de saúde é bom” é algo que não muda enquanto dura e
pode fazer o papel de fazedor-de-verdade do conteúdo cognitivo do enunciado.
[i] São temas que Costa trata
lateralmente nos trechos que até então tivermos oportunidade de ler em sua obra
Cognitivismo Semântico, mas que servem para deixarmos esses assuntos em pauta.
[ii] Lembremos que Costa é um neo-cognitivista.
[iii] Brevemente aqui https://quissak-en.blogspot.com/2018/04/tech-to-study-braini.html.
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