O
pragmatismo de Putnam resulta ser uma crítica ao positivismo lógico que, poucas
linhas adiante, iremos esclarecer.
A respeito da ciência, Putnam descreve duas perspectivas: externalista e internalista. A externalista aproxima-se de
um realismo metafísico: há um mundo de objetos que compõem uma totalidade fixa
independente da mente [humana]. Sendo assim, há uma descrição única e completa
do mundo que devemos buscar, partindo de um ponto de vista do Olho de Deus (se
isso fosse possível um dia então seríamos Deus e apreenderíamos toda a verdade
do mundo).
Já a perspectiva internalista, que ele
defende, não admite tal verdade independente da mente. Assim, a ciência
descreve objetos que são circunscritos em uma teoria, de modo é mais importante
que as suas ideias sejam condizentes entre si do que a procura pela descrição da
realidade do mundo. Não se trata, então, de um único ponto de vista (Olho de
Deus), mas de pontos de vista de diferentes pessoas reais que têm interesses próprios e particulares.
A perspectiva internalista de Putnam é
fortemente influenciada pelo holismo de Quine[2],
já que não visa uma análise de cada sentença, mas a coerência do conjunto de
crenças. Esse é o critério de aceitabilidade racional e, diferente de Quine,
não é livre de valor. Portanto, fatos e valores[3] estão intrinsicamente ligados
na base do conhecimento científico e esse é um grande golpe na estrutura que
sustenta o positivismo lógico (que trata, por exemplo, enunciados éticos sem conteúdo
cognitivo).
[1] Uma pequena nota extraída de “Uma
breve história da filosofia analítica de Russell a Rawls”. Schwartz, Stephen P.
São Paulo: Edições Loyola, 2017, p. 106.
[2] O Holismo de Quine diz que a
unidade de significância empírica é a ciência como um todo. No mesmo livro, no
debate do critério de verificabilidade de significação.
[3] Fatos e valores estiveram presentes em nossa quinta reflexão: https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2013/12/possibilidade-possibilidade-reside.html.
Nenhum comentário:
Postar um comentário