Resumo conciso da lógica aristotélica que serve para analisar elementos do discurso como os termos, as proposições e,
principalmente, o silogismo, a forma de inferência que permite chegar a uma
conclusão a partir de premissas. Destaca-se o Silogismo Científico, cujo
objetivo é demonstrar conclusões verdadeiras a partir de premissas
necessariamente verdadeiras.[i]
Decomposição. Aristóteles
escreveu sobre lógica, mas não cunhou o termo. Ele usava a palavra “analítica”,
termo título do escrito principal do Organon, reunião de seus textos lógicos. A
palavra remete a decomposição e ele utilizava um método de busca dos elementos
que compõem um enunciado, como a proposição, seus termos e premissas. Lima
ressalta que, lá em Aristóteles, a lógica é um tipo de estudo inicial e instrumental que
perpassa todos os campos discursivos, seja na filosofia teórica ou prática,
auxiliando-os. Já hoje torna-se disciplina autônoma.
Há, na obra aristotélica, o estudo dos
silogismos, da sofística e uma forte associação com as categorias[ii], primeira metafísica
aristotélica.
Termos. Lima ressalta que
as categorias são os termos usados no raciocínio aristotélico. São elas:
substância (cavalo), quantidade (2 metros), qualidade (branco), relação (maior
que), lugar (ao ar livre), tempo (agora), posição (em pé), posse / ter
(ferradura), fazer (correndo) e sofrer (observado). São tipos de termos usados
na linguagem, mas existentes em sua ontologia.
Os termos têm extensão, isto é, os
objetos que ele designa, como por exemplo (gato Félix) e compreensão,
que são suas propriedades, como animal preto. Lima destaca duas regras: 1.)
quanto maior a extensão de um termo, menor a compreensão (e.g., Homem) e 2.) a
inversa (e.g., Vitor). Assim, o gênero tem grande extensão e baixa compreensão,
a espécie os tem de tamanho médio enquanto o indivíduo tem extensão mínima e
compreensão máxima, tem todas as propriedades possíveis.
Proposições. A
proposição declara de forma verbal a reunião e separação dos termos e é
composta por sujeitos, que recebem as propriedades e os predicados que os
atribuem propriedades e, por fim, a atribuição feita pelo verbo ser (cópula).
Por exemplo, “Vitor é professor”. Ela declara discursivamente um juízo,
operação mental que foi pensada e, nesse sentido, tem valor de verdade na
medida em que se refere à realidade.
Há proposições existenciais, como, por
exemplo, “Este homem anda”, “Este homem está em casa” e declarativas, como, por
exemplo, “Este homem é sábio”. Há proposições afirmativas (S é P) e negativas
(S não é P). Há proposições universais, quando P é atribuído a todo o conjunto
de termos, sejam elas "Todo S é P" ou "Nenhum S é P"; as particulares atribuem
predicados a partes, como "Algum S é P" e "Algum S não é P" e, por fim, as
proposições singulares, nas quais um único indivíduo recebe predicados, como "Este S é P" e "Este S não é P". Há proposições necessárias, quando o predicado é
atribuído de modo essencial ao sujeito, como em "Todo homem é mortal",
proposições possíveis, como "Alguns homens são justos" e impossíveis como "Todo
triângulo tem quatro lados".
Silogismo. A
inferência permite que uma proposição seja tratada como conclusão de uma ou
várias outras proposições. Conforme Lima, o silogismo mais famoso é:
1.
Todo homem é mortal (premissa maior, na
qual homem é o termo médio e mortal é o termo extremo maior)
2.
Sócrates é homem (premissa menor, na qual
homem é o termo médio e Sócrates é o termo extremo menor)
3.
Logo, Sócrates é mortal (conclusão, sem
termo médio)
É uma forma possível: A é B; C é A; C é B.
Lima explica que há figuras no silogismo, que foram destacadas pelos medievais,
e se referem à posição ocupada pelo termo médio nas premissas, podendo ser
sujeito ou predicado. Por exemplo, A é B; A é C; Logo: nada. Já: A é B; B é C;
A é C. Por outro lado, pode haver premissas universais afirmativas ou
negativas, particulares, etc. Lima informa que há 19 formas válidas de
silogismo, lembrando que não importa o conteúdo.
Silogismo Científico. É
aquele com função demonstrativa, isto é, mostra logicamente como premissas
verdadeiras chegam necessariamente a conclusões verdadeiras. Assim, as
premissas devem ser verdadeiras, indemonstráveis, para evitar uma
regressão ao infinito, autoevidentes, não precisando de esclarecimentos
e causas da conclusão.
Axiomas são premissas
indemonstráveis e evidentes em si mesmas, como, por exemplo, “O todo é maior
que as partes”. Postulados são indemonstráveis, mas, apesar de não
autoevidentes, são aceitas como verdadeiras para construção do edifício
teórico, como por exemplo, cita Lima, a existência do movimento e do repouso na
Física, algo que Parmênides não aceita. Definições determinam o que é a
coisa que o termo indica, conforme o Filósofo: “o discurso que exprime a
essência”, e isso é mais do que explicar aquele termo.
Todo termo pode comportar outros termos,
como um corpo que é animado e sensível. Um termo se destaca de outro por uma diferença
específica, como um corpo que pode ou não ser animado (um vivente).
Então, um vivente é um gênero que se destaca do gênero corpo, e seria um gênero
próximo se não houvesse outro gênero entre eles. Exemplificando e definindo,
homem é um animal (gênero próximo) racional (diferença específica). Por fim, as
categorias são indefiníveis, como a substância que está acima de todos os
gêneros e também os indivíduos, que não tem diferença específica, pois não tem
espécie abaixo dele.
[i] Resumo de Lima, Vitor,
"Lógica de Aristóteles | Introdução Geral à Filosofia | Aula 25", Canal
Youtube Isto não é Filosofia, URL = <https://youtu.be/GN4UbGjvQsE>. Suas
fontes: Giovanni Reale; Convite à Filosofia - Chauí; MARCONDES, Hilton Japiassú
- Danilo Dicionário Básico de Filosofia.
[ii] Sobre ele falamos em O
Tratado das Categorias de Aristóteles: alguns aspectos (https://bit.ly/47zRPUl) e A primeira
doutrina da substância: a substância segundo Aristóteles (https://bit.ly/4osE2ou).
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