quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Lógica Aristotélica

Resumo conciso da lógica aristotélica que serve para analisar elementos do discurso como os termos, as proposições e, principalmente, o silogismo, a forma de inferência que permite chegar a uma conclusão a partir de premissas. Destaca-se o Silogismo Científico, cujo objetivo é demonstrar conclusões verdadeiras a partir de premissas necessariamente verdadeiras.[i]

Decomposição. Aristóteles escreveu sobre lógica, mas não cunhou o termo. Ele usava a palavra “analítica”, termo título do escrito principal do Organon, reunião de seus textos lógicos. A palavra remete a decomposição e ele utilizava um método de busca dos elementos que compõem um enunciado, como a proposição, seus termos e premissas. Lima ressalta que, lá em Aristóteles, a lógica é um tipo de estudo inicial e instrumental que perpassa todos os campos discursivos, seja na filosofia teórica ou prática, auxiliando-os. Já hoje torna-se disciplina autônoma. 

Há, na obra aristotélica, o estudo dos silogismos, da sofística e uma forte associação com as categorias[ii], primeira metafísica aristotélica.

Termos. Lima ressalta que as categorias são os termos usados no raciocínio aristotélico. São elas: substância (cavalo), quantidade (2 metros), qualidade (branco), relação (maior que), lugar (ao ar livre), tempo (agora), posição (em pé), posse / ter (ferradura), fazer (correndo) e sofrer (observado). São tipos de termos usados na linguagem, mas existentes em sua ontologia. 

Os termos têm extensão, isto é, os objetos que ele designa, como por exemplo (gato Félix) e compreensão, que são suas propriedades, como animal preto. Lima destaca duas regras: 1.) quanto maior a extensão de um termo, menor a compreensão (e.g., Homem) e 2.) a inversa (e.g., Vitor). Assim, o gênero tem grande extensão e baixa compreensão, a espécie os tem de tamanho médio enquanto o indivíduo tem extensão mínima e compreensão máxima, tem todas as propriedades possíveis.

Proposições. A proposição declara de forma verbal a reunião e separação dos termos e é composta por sujeitos, que recebem as propriedades e os predicados que os atribuem propriedades e, por fim, a atribuição feita pelo verbo ser (cópula). Por exemplo, “Vitor é professor”. Ela declara discursivamente um juízo, operação mental que foi pensada e, nesse sentido, tem valor de verdade na medida em que se refere à realidade. 

Há proposições existenciais, como, por exemplo, “Este homem anda”, “Este homem está em casa” e declarativas, como, por exemplo, “Este homem é sábio”. Há proposições afirmativas (S é P) e negativas (S não é P). Há proposições universais, quando P é atribuído a todo o conjunto de termos, sejam elas "Todo S é P" ou "Nenhum S é P"; as particulares atribuem predicados a partes, como "Algum S é P" e "Algum S não é P" e, por fim, as proposições singulares, nas quais um único indivíduo recebe predicados, como "Este S é P" e "Este S não é P". Há proposições necessárias, quando o predicado é atribuído de modo essencial ao sujeito, como em "Todo homem é mortal", proposições possíveis, como "Alguns homens são justos" e impossíveis como "Todo triângulo tem quatro lados".

Silogismo. A inferência permite que uma proposição seja tratada como conclusão de uma ou várias outras proposições. Conforme Lima, o silogismo mais famoso é:

1.             Todo homem é mortal (premissa maior, na qual homem é o termo médio e mortal é o termo extremo maior)

2.             Sócrates é homem (premissa menor, na qual homem é o termo médio e Sócrates é o termo extremo menor)

3.             Logo, Sócrates é mortal (conclusão, sem termo médio)

É uma forma possível: A é B; C é A; C é B. Lima explica que há figuras no silogismo, que foram destacadas pelos medievais, e se referem à posição ocupada pelo termo médio nas premissas, podendo ser sujeito ou predicado. Por exemplo, A é B; A é C; Logo: nada. Já: A é B; B é C; A é C. Por outro lado, pode haver premissas universais afirmativas ou negativas, particulares, etc. Lima informa que há 19 formas válidas de silogismo, lembrando que não importa o conteúdo.

Silogismo Científico. É aquele com função demonstrativa, isto é, mostra logicamente como premissas verdadeiras chegam necessariamente a conclusões verdadeiras. Assim, as premissas devem ser verdadeiras, indemonstráveis, para evitar uma regressão ao infinito, autoevidentes, não precisando de esclarecimentos e causas da conclusão.

Axiomas são premissas indemonstráveis e evidentes em si mesmas, como, por exemplo, “O todo é maior que as partes”. Postulados são indemonstráveis, mas, apesar de não autoevidentes, são aceitas como verdadeiras para construção do edifício teórico, como por exemplo, cita Lima, a existência do movimento e do repouso na Física, algo que Parmênides não aceita. Definições determinam o que é a coisa que o termo indica, conforme o Filósofo: “o discurso que exprime a essência”, e isso é mais do que explicar aquele termo.

Todo termo pode comportar outros termos, como um corpo que é animado e sensível. Um termo se destaca de outro por uma diferença específica, como um corpo que pode ou não ser animado (um vivente). Então, um vivente é um gênero que se destaca do gênero corpo, e seria um gênero próximo se não houvesse outro gênero entre eles. Exemplificando e definindo, homem é um animal (gênero próximo) racional (diferença específica). Por fim, as categorias são indefiníveis, como a substância que está acima de todos os gêneros e também os indivíduos, que não tem diferença específica, pois não tem espécie abaixo dele.



[i] Resumo de Lima, Vitor, "Lógica de Aristóteles | Introdução Geral à Filosofia | Aula 25", Canal Youtube Isto não é Filosofia, URL = <https://youtu.be/GN4UbGjvQsE>. Suas fontes: Giovanni Reale; Convite à Filosofia - Chauí; MARCONDES, Hilton Japiassú - Danilo Dicionário Básico de Filosofia.

[ii]  Sobre ele falamos em O Tratado das Categorias de Aristóteles: alguns aspectos (https://bit.ly/47zRPUl) e A primeira doutrina da substância: a substância segundo Aristóteles (https://bit.ly/4osE2ou).

Nenhum comentário:

Postar um comentário